São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO, em Nova York - ultima.moda@grupofolha.com.br

Nova York digital

Transmissão on-line de desfiles de grandes grifes vira novidade na fashion week americana, marcada pela mesmice

Uma revolução está acontecendo na moda e não é exatamente nas passarelas nem nas silhuetas. Ela está ocorrendo na internet, com a adoção cada vez mais intensa, pelas grifes, dos recursos da web, das redes sociais (como Facebook e Twitter) e de outras tecnologias.
A semana de moda de Nova York, que terminou ontem, foi bastante insossa do ponto de vista criativo, mas deverá ser uma data importante nesse processo de simbiose entre os desfiles e o mundo digital.
As mudanças não são novíssimas, mas essa temporada outono-inverno 2010/11 teve um número recorde de grifes importantes que transmitiram suas apresentações ao vivo pela internet: Tommy Hilfiger, Rodarte, Diesel, Marc Jacobs e Calvin Klein, entre outras.
Ou seja, ao mesmo tempo em que ocorria o desfile em Nova York, pessoas do mundo inteiro puderam ter acesso a ele, na íntegra. Está acabando a era em que assistir as apresentações de moda era um privilégio de pouquíssimas pessoas.
Outras marcas, como a Temperly London e a Reem Acra, decidiram apresentar suas coleções apenas pela internet. A razão é simples: o custo de uma apresentação digital é muito menor do que a tradicional.
A entrada em bloco das grifes com seus desfiles no novo mundo digital foi, enfim, a grande novidade da semana nova-iorquina. Nas passarelas, ainda assombradas pela crise econômica, pouca coisa desfez a sensação de monotonia.
Marc Jacobs novamente foi a exceção em Nova York. Sua referência foram os "clássicos" do estilo americano, marcados pelo despojamento, a praticidade e certo romantismo. Os looks todos causaram forte impacto na plateia, sobretudo pela magia diabólica do estilista para conseguir reunir o "vintage" e o contemporâneo.
Também fez diferença em Nova York a ultrafeminilidade das coleções de Diane von Furstenberg e de Carolina Herrera. De estilos muito diversos -a primeira mais inclinada ao casualwear; a segunda, à alta costura-, elas decidiram não seguir à risca a silhueta austera e a paleta de cores mirrada da temporada (preto, cinza e bege dominaram tiranicamente as passarelas). As duas estão abrindo lojas no Brasil neste ano. Entre os novos nomes da moda americana, vale destacar a Thakoon (do estilista de origem tailandesa Thakoon Panichgul), que já vestiu a primeira-dama Michele Obama.
Dois brasileiros fizeram desfiles em Nova York: Carlos Miele e Alexandre Herchcovitch, que mostrou a mesma (bela) coleção exibida na São Paulo Fashion Week. Inspirado no construtivismo, Miele -que só desfila nos EUA- exibiu um de seus melhores trabalhos nos últimos anos. Apostou em construções geométricas impactantes e em blocos de cores fortes justapostos. Apesar de mais cerebral, sua coleção não abriu mão do ultraglamour, marca registrada do estilista.

com VIVIAN WHITEMAN



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