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Última Moda
ALCINO LEITE NETO, em Nova York - ultima.moda@grupofolha.com.br
Nova York digital
Transmissão on-line de desfiles de grandes grifes vira novidade na fashion week americana, marcada pela mesmice
Uma revolução está acontecendo na moda e não é exatamente nas passarelas nem nas
silhuetas. Ela está ocorrendo
na internet, com a adoção cada
vez mais intensa, pelas grifes,
dos recursos da web, das redes
sociais (como Facebook e Twitter) e de outras tecnologias.
A semana de moda de Nova
York, que terminou ontem, foi
bastante insossa do ponto de
vista criativo, mas deverá ser
uma data importante nesse
processo de simbiose entre os
desfiles e o mundo digital.
As mudanças não são novíssimas, mas essa temporada outono-inverno 2010/11 teve um
número recorde de grifes importantes que transmitiram
suas apresentações ao vivo pela
internet: Tommy Hilfiger, Rodarte, Diesel, Marc Jacobs e
Calvin Klein, entre outras.
Ou seja, ao mesmo tempo em
que ocorria o desfile em Nova
York, pessoas do mundo inteiro puderam ter acesso a ele, na
íntegra. Está acabando a era em
que assistir as apresentações de
moda era um privilégio de pouquíssimas pessoas.
Outras marcas, como a Temperly London e a Reem Acra,
decidiram apresentar suas coleções apenas pela internet. A
razão é simples: o custo de uma
apresentação digital é muito
menor do que a tradicional.
A entrada em bloco das grifes
com seus desfiles no novo
mundo digital foi, enfim, a
grande novidade da semana
nova-iorquina. Nas passarelas,
ainda assombradas pela crise
econômica, pouca coisa desfez
a sensação de monotonia.
Marc Jacobs novamente foi a
exceção em Nova York. Sua referência foram os "clássicos" do
estilo americano, marcados pelo despojamento, a praticidade
e certo romantismo. Os looks
todos causaram forte impacto
na plateia, sobretudo pela magia diabólica do estilista para
conseguir reunir o "vintage" e o
contemporâneo.
Também fez diferença em
Nova York a ultrafeminilidade
das coleções de Diane von
Furstenberg e de Carolina Herrera. De estilos muito diversos
-a primeira mais inclinada ao
casualwear; a segunda, à alta
costura-, elas decidiram não
seguir à risca a silhueta austera
e a paleta de cores mirrada da
temporada (preto, cinza e bege
dominaram tiranicamente as
passarelas). As duas estão
abrindo lojas no Brasil neste
ano. Entre os novos nomes da
moda americana, vale destacar
a Thakoon (do estilista de origem tailandesa Thakoon Panichgul), que já vestiu a primeira-dama Michele Obama.
Dois brasileiros fizeram desfiles em Nova York: Carlos
Miele e Alexandre Herchcovitch, que mostrou a mesma
(bela) coleção exibida na São
Paulo Fashion Week. Inspirado
no construtivismo, Miele -que
só desfila nos EUA- exibiu um
de seus melhores trabalhos nos
últimos anos. Apostou em
construções geométricas impactantes e em blocos de cores
fortes justapostos. Apesar de
mais cerebral, sua coleção não
abriu mão do ultraglamour,
marca registrada do estilista.
com VIVIAN WHITEMAN
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