São Paulo, sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Moda comunica, mas não é arte, afirma Rushdie

Há famosos de todos os tipos nas passarelas da semana de moda nova-iorquina: estrelas de cinema, de TV, editores, socialites e celebridades instantâneas. Porém, é raro encontrar ali um escritor tão importante como o britânico de origem indiana Salman Rushdie, 62. Autor de "Versos Satânicos" (1989, ed. Companhia das Letras), que lhe valeu uma condenação à morte pelo aiatolá Khomeini, Rushdie assistiu, no último domingo, ao desfile da estilista de origem belga Diane von Furstenberg.
O escritor contou à Folha que voltará ao Brasil neste ano, como convidado da próxima edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Na entrevista a seguir, feita na saída agitada do desfile de Diane, Rushdie declarou que a moda não é arte, mas é importante graças à sua grande capacidade de comunicação.

 

FOLHA - É a primeira vez que o sr. vem a um desfile de moda?
SALMAN RUSHDIE
- Não. Diane é minha amiga e às vezes venho a suas apresentações.

FOLHA - E o que acha dos desfiles?
RUSHDIE
- Embora não venha com frequência, observo que os desfiles mudam muito pouco com o passar do tempo. Os estilistas e as grifes sempre seguem essa mesma estética, essa mesma forma de exibição.

FOLHA - O sr. dá alguma importância à moda?
RUSHDIE
- Eu venho de uma geração que foi um tanto antimoda. Cresci na contracultura dos anos 60, e não seguíamos a ideia de uma moda assim tão formalizada como esta que vemos nos desfiles das fashion weeks. Seja como for, porém, as pessoas sempre estão comunicando ao mundo, por meio das roupas que escolhem, um tipo de identidade. A moda é importante, porque, afinal, todos nós usamos roupas. E assim o fazemos para, em parte, dizer aos outros quem somos.

FOLHA - A moda é um tipo de arte, como é a literatura?
RUSHDIE
- Não, não é.

FOLHA - E por que não é?
RUSHDIE
- Porque ela é um canal de comunicação melhor do que a literatura (risos).


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