São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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depoimento

Fui ao show num Maracanãzinho meio vazio

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA

Eu fui ao show do Police no Maracanãzinho e comprei -ou talvez tenha ganhado- uma viseira preta com o nome da banda impresso em vermelho. Morava no Rio e a primeira vez que ouvi falar do trio inglês foi quando Ana Cristina Cesar, poeta fina, que nos deixou cedo, voltou de um mestrado de tradução literária em Essex. Isso aconteceu no início de 1981.
Ela reapareceu de cabelos curtos, com uma cara mais inglesa do que já tinha, e falou entusiasmada sobre a "Police mania" na Inglaterra. Chegou a fazer comparações com os Beatles, que adorava.
Naquele tempo não existia internet, TV paga ou MTV, e as coisas demoravam mais a chegar. O Police, para os padrões, até que veio rápido -antes mesmo do grande sucesso que acabaria fazendo também por aqui.
Muita gente que logo depois passou a gostar da banda lamenta até hoje não ter ido ao show. Quem praticamente me arrastou ao Maracanãzinho em 1982 foi o jornalista Ricardo Arnt, que era fã dos ingleses -e depois acabou conhecendo Sting.
"De Do Do Do, De Da Da Da" tocava nas rádios e muitos já curtiam a banda, mas o ginásio estava meio vazio. Lembro que tocaram alto e o som saía embolado. A acústica do Maracanãzinho era ruim. Mas nos divertimos bastante e passei a gostar ainda mais deles. Três anos depois, mudei-me para São Paulo e conheci na Folha o então repórter Ruy Castro.
Ruy considerava rock um negócio desprezível, música pobre, "de três acordes". Mas, se bem me lembro, ele andava para cima e para baixo com uma camiseta preta, com o nome "The Police" impresso em vermelho -igual à minha viseira.


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