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depoimento
Fui ao show num Maracanãzinho meio vazio
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DA ILUSTRADA
Eu fui ao show do Police no
Maracanãzinho e comprei
-ou talvez tenha ganhado-
uma viseira preta com o nome da banda impresso em
vermelho. Morava no Rio e a
primeira vez que ouvi falar
do trio inglês foi quando Ana
Cristina Cesar, poeta fina,
que nos deixou cedo, voltou
de um mestrado de tradução
literária em Essex. Isso aconteceu no início de 1981.
Ela reapareceu de cabelos
curtos, com uma cara mais
inglesa do que já tinha, e falou entusiasmada sobre a
"Police mania" na Inglaterra.
Chegou a fazer comparações
com os Beatles, que adorava.
Naquele tempo não existia
internet, TV paga ou MTV, e
as coisas demoravam mais a
chegar. O Police, para os padrões, até que veio rápido
-antes mesmo do grande sucesso que acabaria fazendo
também por aqui.
Muita gente que logo depois passou a gostar da banda
lamenta até hoje não ter ido
ao show. Quem praticamente me arrastou ao Maracanãzinho em 1982 foi o jornalista Ricardo Arnt, que era fã
dos ingleses -e depois acabou conhecendo Sting.
"De Do Do Do, De Da Da
Da" tocava nas rádios e muitos já curtiam a banda, mas o
ginásio estava meio vazio.
Lembro que tocaram alto e o
som saía embolado. A acústica do Maracanãzinho era
ruim. Mas nos divertimos
bastante e passei a gostar
ainda mais deles. Três anos
depois, mudei-me para São
Paulo e conheci na Folha o
então repórter Ruy Castro.
Ruy considerava rock um
negócio desprezível, música
pobre, "de três acordes".
Mas, se bem me lembro, ele
andava para cima e para baixo com uma camiseta preta,
com o nome "The Police"
impresso em vermelho
-igual à minha viseira.
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