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Crítica/show
Burocráticos, Pet Shop Boys fazem festa morna em SP
Dupla inglesa só levantou o público no fim, com pot-pourri
de covers de U2 e Elvis; canções novas são só medianas
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo no início, o vocalista
Neil Tennant fez o convite: "Esta será uma noite de entretenimento eletrônico". Mas, em vez de uma festa
animada, a noitada promovida
pelos Pet Shop Boys na sexta,
em São Paulo, foi morna, desinteressante, comportada demais. O show foi montado para
divulgar o último álbum da dupla, "Fundamental". Se não é
ruim, o disco traz muitas canções apenas medianas, que estão longe de achados pop perfeitos como "Being Boring", que não foi tocada.
Outra coisa que não ajudou
foi o som do Credicard Hall, extremamente baixo, sem graves
-não à toa, muita gente passou
parte do show conversando.
A chuva que caiu em São Paulo na sexta-feira e deixou ruas
alagadas fez com que o show
inicialmente marcado para as
22h começasse apenas às
22h45, para que o público conseguisse chegar a tempo.
Neil Tennant, o mestre-de-cerimônias, surgiu no palco de
camisa branca, gravata e jaquetão preto. Britânico até não poder mais, ele gesticula pouco,
não altera o tom da voz e dá a
impressão de que nem chega a
suar. Não havia banda de apoio:
o parceiro de Tennant, Chris
Lowe, comandava a música por
meio de seu computador.
A dupla foi acompanhada por
quatro dançarinos e uma vocalista soul. Um telão imenso
projetava cenas de filmes antigos e vídeos. Imagens do enterro da princesa Diana foram
mostradas durante "Dreaming
of the Queen". Além do telão, o
cenário era completado por tubos fluorescentes que faziam
referência aos trabalhos do artista minimalista norte-americano Dan Flavin (1933-96).
Se na última vez que estiveram no Brasil, durante o Tim
Festival 2004, os Pet Shop Boys
realizaram uma performance
apoteótica, na sexta pareciam
burocráticos, desinteressados.
A atitude refletia no público,
que pouco vibrava, mesmo em
clássicos como "Suburbia" e
"I'm with Stupid".
Sintomaticamente, foi apenas quando a dupla tomou emprestadas canções dos outros
que a festa deu sinais de decolar. Com um pot-pourri de "Always on My Mind" (Brenda
Lee/Elvis Presley), "Where the
Streets Have No Name" (U2) e
"Can't Take My Eyes of You"
(Frankie Valli), os Pet Shop
Boys nos lembraram de como
podem ser ótimos -deliciosamente kitsch e exagerados.
Esse clima tomou conta do final da apresentação, com a
clássica "It's a Sin" e o cover
"Go West" no bis. Mas foi muito pouco. Espera-se mais de
uma festa dos Pet Shop Boys.
PET SHOP BOYS
Avaliação: Ruim
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