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Prêmio Shell de Teatro de SP pulveriza estatuetas
Nenhuma peça levou mais de um troféu; "A Alma Boa de Setsuan" tem melhor diretor
Isabel Teixeira, de "Rainha[(s)]", é apontada melhor atriz; dupla de "A Noite dos Palhaços Mudos" divide prêmio masculino
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois palhaços mudos que
agradeceram o reconhecimento por e-mail, o discurso inflamado de uma rainha contra o
aumento da carga tributária sobre pequenos produtores culturais e a declaração de amor de
um diretor a seus atores foram
os destaques da 21ª cerimônia
paulista de entrega do Prêmio
Shell de Teatro, anteontem.
Domingos Montagner e Fernando Sampaio dividiram a estatueta de ator pelo trabalho
preciso em "A Noite dos Palhaços Mudos". Ausentes, eles foram representados pelo diretor
Alvaro Assad, que leu e-mail da
dupla depois de brincar:
"Como diretor, vai ser ótimo
entregar o prêmio a eles. O cheque [de R$ 8 mil], não sei".
Já Isabel Teixeira foi lembrada pela Mary Stuart de "Rainha[(s)] - Duas Atrizes em Busca de um Coração", ode ao jogo
teatral que usa o clássico de
Schiller como ponto de partida:
"Dedico esse prêmio aos parceiros de luta e resistência. Aumentaram o nosso imposto
[uma lei federal do fim de 2008
"promoveu" as microempresas
culturais de faixa tributária],
mas a gente vai resistir, vai ficar
ficar em cartaz!", disse ela.
Na categoria de diretor, o júri
escolheu Marco Antônio Braz,
de "A Alma Boa de Setsuan".
Ele dedicou o prêmio ao elenco:
"Me sinto constrangido de
estar aqui sem meus companheiros de viagem. Foram eles
que me ensinaram".
A premiação começou com
1h40 de atraso devido ao temporal sobre São Paulo. Às 21h,
uma hora após o início previsto,
poucos haviam chegado ao local da cerimônia, na Estação
São Paulo, em Pinheiros.
Prêmios para todos
A pulverização ditou o tom:
nenhum espetáculo foi reconhecido mais de uma vez.
A dramaturgia de "Amor de
Servidão" rendeu a Marília Toledo e Marçal Aquino o prêmio
de autores. A peça adapta o romance "Eu Receberia as Piores
Notícias dos Seus Lindos Lábios", de Aquino. O cenário de
"Arrufos", do Grupo XIX, o figurino de "O Santo Guerreiro e
o Herói Desajustado", da Cia.
São Jorge de Variedades, e a
iluminação de "Aqueles Dois",
da cia. Luna Lunera, também
foram laureados.
Josimar Carneiro recebeu a
estatueta de música por "Divina Elizeth", musical sobre Elizeth Cardoso. Na categoria especial, o júri saudou os dez anos
do projeto "Prêt-à-Porter", do
Centro de Pesquisa Teatral.
Ao anunciar os indicados
dessa categoria, a apresentadora Beth Goulart cometeu uma
gafe: confundiu-se com os números romanos do teleprompter e, em vez de Grupo XIX, leu
Grupo XIV, sendo corrigida aos
berros pela plateia.
O homenageado dessa edição
foi o professor e editor de farta
bibliografia sobre o teatro brasileiro, Jacó Guinsburg. Aos 87
anos, ele ainda orienta mestrandos na USP.
(LUCAS NEVES)
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