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Franceses se opõem a "novo" rosé
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Há 30 anos, Alain Combard,
do Domaine Saint André de Figuière, em Provence, no sul da
França, produz seu vinho rosé a
partir de uvas tintas, como
manda a tradição. A intensidade dos aromas e da cor vão depender do tempo de contato do
mosto da uva com as cascas.
Uma técnica tradicional
ameaçada, segundo os produtores franceses, por um projeto
europeu que prevê autorizar a
mistura do vinho branco e do
tinto para fazer o rosé de corte,
um vinho de mesa mais barato
e de qualidade inferior.
A proposição, que faz parte
de uma reforma mais ampla do
setor vinícola europeu, recebeu
em janeiro um primeiro parecer favorável, em Bruxelas, de
representantes dos países da
União Europeia, incluindo a
França. O texto está sendo examinado agora pela Organização
Mundial do Comércio, em Genebra, antes de ser submetido a
um voto definitivo em 27 de
abril. A previsão é de que a nova
legislação entre em vigor em julho, justamente no verão, quando o consumo de rosés sobre.
Para os vitivinicultores da
França, a proposta é uma heresia. "O vinho é resultado de um
processo de vinificação. O que
querem criar não é um rosé,
mas um vinho de cor rosada",
diz Combard.
Segundo François Millo, diretor do Conselho Interprofissional de Vinhos da Provence, o
projeto ameaça não apenas a
imagem do rosé mas também o
emprego de cerca de 60 mil
profissionais que vivem da produção tradicional. O governo
francês também se diz contra a
autorização e afirma que só votou a favor para não atrasar a
reforma global do setor.
Segundo assessores da Comissão, uma solução seria informar no rótulo o processo de
fabricação. Mas os produtores
pedem que a menção rosé não
seja inscrita nos vinhos que não
respeitarem a vinificação tradicional. A Comissão Europeia
acha que regulamentação permitirá aos produtores europeus reduzir custos e concorrer
em pé de igualdade com os vinhos do Novo Mundo.
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