São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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Franceses se opõem a "novo" rosé

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Há 30 anos, Alain Combard, do Domaine Saint André de Figuière, em Provence, no sul da França, produz seu vinho rosé a partir de uvas tintas, como manda a tradição. A intensidade dos aromas e da cor vão depender do tempo de contato do mosto da uva com as cascas.
Uma técnica tradicional ameaçada, segundo os produtores franceses, por um projeto europeu que prevê autorizar a mistura do vinho branco e do tinto para fazer o rosé de corte, um vinho de mesa mais barato e de qualidade inferior.
A proposição, que faz parte de uma reforma mais ampla do setor vinícola europeu, recebeu em janeiro um primeiro parecer favorável, em Bruxelas, de representantes dos países da União Europeia, incluindo a França. O texto está sendo examinado agora pela Organização Mundial do Comércio, em Genebra, antes de ser submetido a um voto definitivo em 27 de abril. A previsão é de que a nova legislação entre em vigor em julho, justamente no verão, quando o consumo de rosés sobre.
Para os vitivinicultores da França, a proposta é uma heresia. "O vinho é resultado de um processo de vinificação. O que querem criar não é um rosé, mas um vinho de cor rosada", diz Combard.
Segundo François Millo, diretor do Conselho Interprofissional de Vinhos da Provence, o projeto ameaça não apenas a imagem do rosé mas também o emprego de cerca de 60 mil profissionais que vivem da produção tradicional. O governo francês também se diz contra a autorização e afirma que só votou a favor para não atrasar a reforma global do setor.
Segundo assessores da Comissão, uma solução seria informar no rótulo o processo de fabricação. Mas os produtores pedem que a menção rosé não seja inscrita nos vinhos que não respeitarem a vinificação tradicional. A Comissão Europeia acha que regulamentação permitirá aos produtores europeus reduzir custos e concorrer em pé de igualdade com os vinhos do Novo Mundo.

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