São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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LIVROS

Sóbrio há seis anos, autor se drogava com brasileiro

Escritor Bill Clegg conheceu garotos de programa de SP em Nova York

Bill Clegg é preparado para dar entrevista em uma praça de Nova York

Procurado por diversos cineastas, agente literário diz que estuda como transformar sua história em filme

Christopher Peterson /Getty Images
Oagente literário Bill Clegg é preparado para dar entrevista em uma praça de Nova York

DE SÃO PAULO

Leia entrevista com Bill Clegg, autor de "Retrato de um Viciado quando Jovem". (IVAN FINOTTI)

 

Um dos garotos de programa que você chama ao seu quarto de hotel é Carlos, um brasileiro de São Paulo. Ainda tem contato com ele?
Encontrei Carlos diversas vezes depois. Ele me ligou meses depois de eu voltar para Nova York, após a reabilitação, para saber se eu estava bem. Disse que se preocupou comigo porque teve um sonho em que eu tinha morrido. É um cara muito meigo. Outros caras com que me droguei, os traficantes, Mark, eu vejo de vez em quando nas ruas, no metrô, na padaria (Manhattan é uma pequena ilha). Sempre dou um alô e me mando. Mas faz tempo que não vejo nenhum deles.

E você conheceu outros brasileiros no circuito do crack nova-iorquino?
Conheci outros brasileiros, sim. Não muitos, mas uns dois ou três. Em geral jovens que trabalhavam como garotos de programa e haviam sido pegos pela droga. O vício é algo que afeta todas as nacionalidades, etnias, idades e classes sociais. Eu me droguei com gente que tinha todos os tipos de educação.

Você está livre do crack agora? E da vodca e dos cigarros?
Estou sóbrio, livre de crack e álcool, há quase seis anos agora. Nunca fumei cigarros, graças a Deus, então pelo menos esse é um vício que não tive que largar.

Há um trecho não publicado de seu livro no site The Huffington Post (tinyurl.com/24edpwa). Por que cortou?
Essa parte sobre fumar crack em Paris era um capítulo inacabado. Nunca achei que era necessário para o livro porque repetia muito do que já estava descrito em capítulos anteriores e não trazia nada de novo além de um lugar diferente. Depois que o livro foi publicado, voltei a esse texto e o completei.
Algo daquela viagem, envolvendo o taxista que me deu de graça um saquinho de haxixe, ressurgiu na minha mente e foi o suficiente para eu querer escrever um pouco mais sobre a experiência.
A memória daqueles dias em Paris mostram o quão extremo meu comportamento era e quanto risco eu estava correndo ao usar drogas.

Há planos de transformar o livro em filme?
Diversos produtores e diretores têm entrado em contato. Só recentemente um deles descreveu uma ideia para um filme que parece ser, não apenas artisticamente substancial, como também possivelmente útil para as pessoas. Então, estamos em conversação. Veremos.



RETRATO DE UM VICIADO
QUANDO JOVEM

AUTORA Bill Clegg
EDITORA Companhia das Letras
TRADUÇÃO Julia Romeu
QUANTO R$ 41 (216 págs.)



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