São Paulo, sábado, 19 de março de 2011

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Acervo Folha relata tsunamis e tremores

Conceito de grandes ondas passou por mudanças, que podem ser conferidas em arquivo disponível na rede
Notícias do jornal digitalizadas resumem os maiores abalos que aconteceram no mundo durante o século 20

DE SÃO PAULO

No dia 6 de novembro de 1952, uma nota da página 3 da extinta "Folha da Manhã", armazenada no Acervo Folha, poderia passar a impressão de conter um erro grosseiro.
Sob o título "Violento tremor de terra não localizado", informava que as ondas que atingiam as praias do Havaí se moviam a 650 quilômetros por hora.
A velocidade de cruzeiro de um jato vai de 700 a 900 quilômetros por hora.
Quase 60 anos depois, sabe-se que não há erro na notícia. O que há por trás da informação espantosa é da época que tsunami ainda era um conceito restrito aos círculos científicos -o termo só se tornaria popular em dezembro de 2004.
As ondas que corriam a 650 quilômetros por hora eram consequência de um tsunami, termo japonês criado por volta de 1897, segundo o "Dicionário Houaiss", mas que se tornaria popular quando um deles deixou 227 mil mortos na Ásia em 2004. Num tsunami, as ondas podem alcançar 950 quilômetros, a velocidade de um jato.
A mudança do conceito de tsunami e uma breve história dos terremotos mais terríveis do século 20 pode ser lida no Acervo Folha (www.acervo.folha.com.br), grátis em sua fase de degustação.
O maior terremoto desde 1900 aconteceu em 21 de maio de 1960, no Chile, segundo o "U.S. Geological Survey". No dia seguinte, o desastre aparecia na manchete da recém-criada Folha -o título surgiu em 1º de janeiro daquele ano. Curiosamente, não havia fotos dos estragos causados no Chile.
O segundo maior terremoto da história, de março de 1964, no Alasca, também saiu na Folha, mas com um texto mais discreto na capa ("Terremoto mata 500 no Alasca"). Ele atingiu 9,2 na escala Richter -o maior da história, o do Chile, foi de 9,5.
Como se estava na antessala do golpe que derrubaria o presidente João Goulart, em 31 de março de 1964, a capa do jornal traz o espírito da época: marinheiros que haviam se rebelado são anistiados, o presidente que seria deposto avisa que tudo está normal.
Mesmo quando a notícia publicada não corresponde à magnitude do desastre, é possível tirar lições de histórias dos relatos dos terremotos. Em 28 de julho de 1976, um texto na página 8 noticiava: "Pequim atingida por violento terremoto". O texto dizia que "não foi possível estabelecer até ontem à noite se havia vítimas fatais".
O terremoto chinês foi o mais letal da história -morreram 255 mil pessoas.
Não era possível saber o número de vítimas por causa da censura chinesa à época. Mao Tsé-tung, que morreria menos de dois meses depois do terremoto, queria passar uma imagem de modernidade da China na qual nem desastres eram tolerados.


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