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Ator é aluno "diferente"
DA ENVIADA A JOÃO PESSOA
Por conta das filmagens de
"Abril Despedaçado", em 2000,
Ravi Ramos Lacerda ausentou-se
da escola João Régis Amorim por
quase quatro meses. Na volta, pediu para ter as faltas abonadas e
para ser submetido a provas.
Pedido negado, a reprovação na
sexta série do ensino fundamental
foi inevitável. "Acho que não
acreditaram que eu estava fazendo o filme", diz Ravi, que era tido
como aluno agitado e disperso
pela maioria dos professores.
A coordenadora pedagógica
Maria Silvany Ramalho diz que o
ator tem "todo o apoio da escola",
mesmo porque "é um prazer
imenso que ele seja conhecido no
Brasil e até no mundo". Este ano,
Ravi tornou-se bolsista. Mas as
faltas são "constrangedoras" e
"ruins para o rendimento", segundo a coordenadora. "A gente
quer que ele faça lá, mas que corresponda cá", diz.
Entre seus professores, Luís
Mangueira Peixoto, 38, que leciona geografia, é o que tem mais
aproximação com Ravi.
"Existe um problema em educação que é o seguinte: quando um
aluno dá um pouquinho de trabalho, tem muita energia, a gente o
escanteia. Procuro fazer o contrário. Esses alunos estão precisando
da gente."
"Sempre achei Ravi um pouquinho diferente. Noto que, quando
falo algo importante sobre os problemas sociais do nosso país, ele
compreende. Os alunos que tiram
nove e dez nem sempre compreendem o que eu digo", afirma.
Contrariando a vontade de Ravi, o professor Peixoto leu para a
classe o jornal que citava a participação do ator no Festival de Veneza. "Disse a ele que realmente
não é hora de se orgulhar de nada
ainda, mas é hora de conhecerem
o trabalho dele, para aprenderem
a respeitá-lo", diz o professor.
Na última terça, Ravi fez provas
bimestrais de português. "Acho
que tirei nove", arrisca. A coordenadora Ramalho estava ansiosa
pelos resultados. Trabalhando no
lançamento do filme, Ravi recomeçou a faltar. "Queremos acompanhar seu rendimento desde o
começo", diz a professora.
(SA)
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