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CINEMA/ESTRÉIA
"CHARLOTTE GRAY"
Jovem (Cate Blanchett) busca o paradeiro do namorado
Narrativa expõe história
de amor durante a barbárie
MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES
A Segunda Guerra Mundial parece ser mesmo uma inesgotável
fonte de inspiração para o cinema. Por mais que já se tenha retratado as distintas faces da barbárie, há sempre um novo aspecto, com novos heróis e vilões, para
explorar a partir desse conflito
que foi um divisor de águas na
história do século 20.
A brutalidade dos nazistas e de
seus aliados volta às telas com
"Charlotte Gray". Desta vez são os
franceses dos anos 40 que estão
sob os holofotes: a trama se de-
senrola quase toda na França sob
comando do regime colaboracionista de Vichy.
Charlotte Gray (Cate Blanchett)
é uma jovem escocesa arrastada
para o centro dos esforços de
guerra da inteligência britânica
por razões passionais. Seu namorado, piloto da Royal Air Force, é
abatido em combate na França.
Seu corpo não é encontrado.
Charlotte, que por ter vivido em
Paris fala francês com fluência, só
vê uma maneira de rever seu
grande amor: aceitar o convite para uma missão de apoio à resistência na França sob ocupação
alemã. Entre uma operação e outra, ela leva adiante a busca por informações sobre o paradeiro de
seu piloto desaparecido.
"Gosto do altruísmo de Charlotte Gray, do fato de ir à França ajudar nos esforços de guerra", disse
a atriz australiana Cate Blanchett,
em encontro com jornalistas do
qual a Folha participou. "Mas ela
também resolve ir para curar os
vazios que há dentro dela."
Blanchett, que concorreu ao Oscar de melhor atriz por "Elizabeth" (atuação que lhe rendeu um
Globo de Ouro), disse ter se apaixonado pelo papel já nas primeiras páginas do script, uma adaptação do romance de Sebastian
Faulks. "O que eu amo em Charlotte é que ela é cheia de falhas. No
começo do filme, tem um claro
sentido do certo e do errado. Isso
lhe dá um ar de ingenuidade."
Lançada de pára-quedas sobre
um vilarejo da zona rural francesa, a agente secreta britânica vive
a dura realidade da guerra. Como
pano de fundo histórico, a co-produção britânico-australiana
retrata o drama dos judeus, que se
escondiam das autoridades francesas para não serem deportados
aos campos de extermínio nazistas. Apresenta também as dificuldades dos grupos de resistência
num confronto com um inimigo
mais forte (os soldados alemães e
seus comparsas franceses).
Acertadamente, porém, "Charlotte Gray" não pretende ser um
compêndio histórico cinematográfico sobre a Segunda Guerra.
Conta uma história de amor num
momento de barbárie. "Charlotte
Gray lida com a face humana da
guerra, não tem uma pretensão de
falar dos grandes aspectos políticos do conflito", diz Blanchett.
Apesar de ter se tornado um dos
grande nomes da nova geração do
cinema, Blanchett -presente em
outros lançamentos recentes como "Vida Bandida", "The Shipping News" (ainda sem título em
português) e "Senhor dos
Anéis"- diz não se importar
com os prêmios. "Vejo "Charlotte
Gray" como um grande filme. Não
importa se vai receber prêmios ou
não. Não vejo os prêmios como
medida do sucesso de um filme."
O longa, dirigido por Gillian
Armstrong, que revelou Blanchett
para grandes audiências em "Oscar e Lucinda", traz também belas
imagens de vilarejos franceses.
"Encontrar o local certo do vilarejo é sempre uma parte crucial da
história -você precisa da atmosfera certa para reforçar a narrativa", disse a diretora.
CHARLOTTE GRAY - UMA PAIXÃO SEM
FRONTEIRAS. Charlotte Gray. Direção:
Gillian Armstrong. Produção:
Alemanha/Reino Unido/Austrália, 2001.
Com: Cate Blanchett, Billy Crudup.
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Center Iguatemi, Unibanco
Arteplex, Jardim Sul, Market Place
Cinemark e SP Market.
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