São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Gotan Project busca origens africanas

Grupo, que toca no Brasil em junho, apresenta seu novo álbum, "Lunático", no festival francês Printemps de Bourges

No novo trabalho, banda franco-argentina abandona a mistura de beats, presente em "La Revancha del Tango", para fazer pesquisa musical


ADRIANA FERREIRA SILVA
ENVIADA ESPECIAL A BOURGES

Um grandioso espetáculo multimídia, em que imagens, projetadas em três telas, movem-se no ritmo alucinante de uma orquestra eletrônica de tango.
Assim foi a performance que o franco-argentino Gotan Project fez anteontem, na abertura do festival francês Printemps de Bourges. E assim será no Brasil em junho, onde a banda mostrará o mesmo concerto.
As apresentações no país deverão estar entre as últimas do projeto, que irá tirar umas férias para que o líder da banda, o francês Philippe Cohen Solal, se dedique à carreira solo.
"O Gotan continua. Sempre devotado ao ritmo argentino.
Pessoalmente, estou gravando um álbum para este ano com blue grass e música country, totalmente acústico", falou Solal à Folha, em Bourges.
A formação da banda é a mesma levada ao Tim Festival, no Rio, em 2003. Solal e o suíço Christoph H. Müller são os maestros, controlando imagens e efeitos eletrônicos, que reverberam sons de violinos, acordeão, piano, percussão.
O repertório vem do novo CD, "Lunático" (2006), que troca a mistura de "beats" do primeiro, "La Revancha del Tango", pela pesquisa de suas origens africanas. "Antes, minha missão era convencer as pessoas de que a música eletrônica era bela. Agora, não é preciso mais fazer isso", diz Solal.
"Queríamos trazer o tango de volta para a pista de dança, nos mover para outras atmosferas."
No palco, essa intenção não se confirma. Ainda é nas batidas, que às vezes transformam um tango em tecno, que o Gotan aposta para animar a platéia -e a que assistiu ao show em Bourges se sentiu em uma boate. Melhor assim do que os momentos lounge, chatos...
Num palco menos glamouroso que o do Gotan, ocorreu a melhor perfomance da primeira noite do Printemps: dos suecos Peter, Björn and John. Alçados a fama graças à música "Young Folks", uma das melhores de 2006, eles têm influências, principalmente, de bandas dos anos 60 mas, ao vivo, as melodias doces são tocadas com um pegada rock, à la Jesus and Mary Chain, e efeitos e distorções que criam climas psicodélicos.
O grupo deveria ter tocado no Brasil em 2006, na turnê "Invasão Sueca". Pena que não deu certo: eles estavam em turnê nos EUA. "Young Folks" é apenas uma das muitas canções de amor singelas do trio. E o assobio que abre o hit é mesmo de arrepiar.


A jornalista ADRIANA FERREIRA SILVA viajou a convite do Consulado Francês

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