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Ciclo de exposições prestigia artistas brasileiros em Paris
Promovido pela Embaixada do Brasil na França, "Entre Deux Lumières" reúne nomes consagrados como Arthur Luiz Piza, Flavio Shiró e Sebastião Salgado
LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Os artistas plásticos que expõem neste ano na Embaixada
do Brasil em Paris vivem entre
dois mundos ou "entre duas luzes": a do céu parisiense e a tropical do Brasil. O que une os 11
artistas é o fato de viverem em
Paris e terem afirmado suas
carreiras "no exigente meio
cultural local", segundo o texto
de apresentação do ciclo "Entre
Deux Lumières - Des Artistes
Brésiliens en France", que ocupa a sala Krajcberg da embaixada de abril a dezembro, com 11
exposições individuais.
Esse ciclo está destinado a
marcar um divisor de águas e
fazer história. Antes dele, o que
havia eram exposições programadas pela representação brasileira para promover amigos e
parentes de embaixadores. Hoje, com a presença da embaixadora Vera Pedrosa, filha do
grande crítico Mário Pedrosa,
artistas consagrados como Artur Luiz Piza, Flavio Shiró,
Frans Krajcberg, Fernando Barata e Gonçalo Ivo e fotógrafos
como Sebastião Salgado e Carlos Freire, que nunca tinham
exposto naquele espaço, aceitaram o convite com entusiasmo
porque conhecem o interesse
dela por arte. Além do mais, o
programa é organizado em torno de grandes nomes, reconhecidos na Europa e no Brasil.
"Queríamos promover exposições de alto nível artístico",
diz a embaixadora. "O ciclo é
uma homenagem a artistas que
enriquecem o meio cultural
francês e revelam a ele a cultura
brasileira."
Pedrosa explica que o critério de seleção dos artistas foi a
qualidade e o reconhecimento,
além de uma linguagem artística contemporânea e o fato de
serem brasileiros, apesar de
nem todos terem nascido no
Brasil, como Shiró e Krajcberg.
Ela explica que as exposições só
puderam ser viabilizadas pelo
fato de não haver custo de
transporte das obras.
O entusiasmo dos artistas
com o projeto é atestado por
Artur Luiz Piza, que mora em
Paris há mais de 50 anos. Ele
diz que o ciclo de exposições
deste ano tem a marca da embaixadora, "que entende de arte e convidou verdadeiros artistas". Piza conta que, quando foi
convidado, "em outra época",
para uma exposição na galeria
que a embaixada mantinha,
disse ao diplomata que era importante ter à frente um crítico
de arte para selecionar os artistas. O diplomata perguntou se
ele estava querendo "tirar o gâteau [bolo] de sua boca". "Vi
que não era sério e me recusei a
expor", diz Piza, que inaugura o
projeto com a exposição "Trames" (Tramas), que tem vernissage no dia 17 de abril.
Quanto a Shiró, ele diz que só
aceitou pelo fato de "estar
acompanhado de verdadeiros
artistas". "Conheço a Vera Pedrosa desde jovem, conheci
muito seu pai e sei que ela
acompanha há muito tempo a
evolução da minha pintura",
diz o pintor japonês.
As duas exposições de fotografia, de Sebastião Salgado e
Carlos Freire, foram programadas no contexto de "Photoquai - Biennale des Images du
Monde", da qual participam fotógrafos e videastas de vários
continentes, em locais espalhados por Paris.
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