São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Ciclo de exposições prestigia artistas brasileiros em Paris

Promovido pela Embaixada do Brasil na França, "Entre Deux Lumières" reúne nomes consagrados como Arthur Luiz Piza, Flavio Shiró e Sebastião Salgado

LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

Os artistas plásticos que expõem neste ano na Embaixada do Brasil em Paris vivem entre dois mundos ou "entre duas luzes": a do céu parisiense e a tropical do Brasil. O que une os 11 artistas é o fato de viverem em Paris e terem afirmado suas carreiras "no exigente meio cultural local", segundo o texto de apresentação do ciclo "Entre Deux Lumières - Des Artistes Brésiliens en France", que ocupa a sala Krajcberg da embaixada de abril a dezembro, com 11 exposições individuais.
Esse ciclo está destinado a marcar um divisor de águas e fazer história. Antes dele, o que havia eram exposições programadas pela representação brasileira para promover amigos e parentes de embaixadores. Hoje, com a presença da embaixadora Vera Pedrosa, filha do grande crítico Mário Pedrosa, artistas consagrados como Artur Luiz Piza, Flavio Shiró, Frans Krajcberg, Fernando Barata e Gonçalo Ivo e fotógrafos como Sebastião Salgado e Carlos Freire, que nunca tinham exposto naquele espaço, aceitaram o convite com entusiasmo porque conhecem o interesse dela por arte. Além do mais, o programa é organizado em torno de grandes nomes, reconhecidos na Europa e no Brasil.
"Queríamos promover exposições de alto nível artístico", diz a embaixadora. "O ciclo é uma homenagem a artistas que enriquecem o meio cultural francês e revelam a ele a cultura brasileira."
Pedrosa explica que o critério de seleção dos artistas foi a qualidade e o reconhecimento, além de uma linguagem artística contemporânea e o fato de serem brasileiros, apesar de nem todos terem nascido no Brasil, como Shiró e Krajcberg. Ela explica que as exposições só puderam ser viabilizadas pelo fato de não haver custo de transporte das obras.
O entusiasmo dos artistas com o projeto é atestado por Artur Luiz Piza, que mora em Paris há mais de 50 anos. Ele diz que o ciclo de exposições deste ano tem a marca da embaixadora, "que entende de arte e convidou verdadeiros artistas". Piza conta que, quando foi convidado, "em outra época", para uma exposição na galeria que a embaixada mantinha, disse ao diplomata que era importante ter à frente um crítico de arte para selecionar os artistas. O diplomata perguntou se ele estava querendo "tirar o gâteau [bolo] de sua boca". "Vi que não era sério e me recusei a expor", diz Piza, que inaugura o projeto com a exposição "Trames" (Tramas), que tem vernissage no dia 17 de abril.
Quanto a Shiró, ele diz que só aceitou pelo fato de "estar acompanhado de verdadeiros artistas". "Conheço a Vera Pedrosa desde jovem, conheci muito seu pai e sei que ela acompanha há muito tempo a evolução da minha pintura", diz o pintor japonês.
As duas exposições de fotografia, de Sebastião Salgado e Carlos Freire, foram programadas no contexto de "Photoquai - Biennale des Images du Monde", da qual participam fotógrafos e videastas de vários continentes, em locais espalhados por Paris.


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