São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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"Dr. Jivago" é o próximo filme da Coleção Folha Clássicos do Cinema

Protagonizado por Omar Sharif, romance épico foi vencedor de cinco Oscars

DA REPORTAGEM LOCAL

Os quatro primeiros filmes do cineasta britânico David Lean foram produções modestas -o mais bonito deles, uma triste história de amor intimista, chamada "Desencanto" (1945). Mas foram épicos grandiosos e caros como "A Ponte do Rio Kwai" (1957) e "Lawrence da Arábia" (1962) que trouxeram popularidade e grande prestígio ao cineasta.
Sexto volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, disponível a partir do próximo domingo, 26 de abril, "Dr. Jivago" (1965) combina em um só filme os dois gêneros que David Lean mais dominava (o romance e o épico) ao narrar uma história de amor que tem como pano de fundo a Revolução Russa.
O roteiro tem como base um romance do poeta russo Boris Pasternak, sobre um médico que mantém um caso proibido com a mulher de um líder revolucionário. O livro foi proibido pelo regime comunista, mas o manuscrito chegou à Itália em 1957 e foi publicado pelo editor Giangiacomo Feltrinelli, despertando o interesse do produtor Carlo Ponti, que adquiriu seus direitos para o cinema.
Nome fundamental do cinema europeu nos anos 50 e 60, Ponti produziu tanto pequenos filmes de cineastas autorais quanto coproduções internacionais de larga escala. Quando comprou os direitos de "Dr. Jivago", queria repetir o sucesso de "Guerra e Paz", adaptação de Dostoievski realizada pelo americano King Vidor com Henry Fonda, Mel Ferrer e Audrey Hepburn. Não só conseguiu como o superou.
Ponti contou com a parceria dos estúdios americanos da MGM, que se associaram ao projeto depois de saber que o diretor seria David Lean, que alguns anos antes havia realizado "Lawrence da Arábia", com Peter O'Toole, até hoje apreciado como um dos melhores épicos já realizados.
A escalação do elenco não foi fácil. Para viver o médico Yuri Jivago, a MGM queria Paul Newman; Carlo Ponti queria Burt Lancaster; e David Lean, Peter O'Toole. Mas o papel acabou ficando com o ator egípcio Omar Shariff, também do elenco de "Lawrence da Arábia". Para o papel de Lara, a escolha foi ainda mais difícil, pois Carlo Ponti insistia em escalar sua mulher, Sophia Loren. Jane Fonda e Sarah Miles foram cogitadas, até que David Lean assistiu a "O Mundo Fabuloso de Billy Liar", de John Schlesinger (1963), em que encantou dois atores que foram escalados para "Jivago": Julie Christie, como a heroína Lara, e Tom Courtenay, como Pasha.
As filmagens duraram 232 dias, na Espanha, pois o governo soviético proibiu gravações na Rússia, e o filme foi montado às pressas para ser lançado a tempo de concorrer ao Oscar. A estratégia funcionou: foram dez indicações e cinco estatuetas: melhor roteiro adaptado, fotografia, direção de arte, figurino e música, para Maurice Jarre, autor do belíssimo "Tema de Lara" - um dos elementos que contribuíram para tornar o filme inesquecível.
Na edição que acompanha o DVD, destaca-se a análise do crítico da Folha Sérgio Rizzo, com comparações entre "Dr. Jivago" e "...E o Vento Levou".


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