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Crítica/CD/"Vol. 2"
Intensa e irônica, Andreia Dias canta a crônica do amor louco
Ao adotar o rock, cantora brinca com os clichês e constrói fascinante personagem que se entrega, sem vergonha, à paixão
BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Qual é a mulher realmente forte? A blasé,
que se faz de fatal, inatingível para meros mortais, ou
aquela que não esconde sentimentos, olha no olho do ser
amado e declara o amor?
A antidiva Andreia Dias segue o segundo modelo. Em
"Vol. 2", ela expõe fraturas, dá
vexames e canta com propriedade de quem conhece bem o
mais fundo dos poços.
Esse personagem, seja real
ou ficcional, construído em
versos sagazes, faz de "Vol. 2"
um disco conceitual sobre a
crônica de um amor louco.
Poderia tudo descambar para
a caricatura, para o brega-chique, mas Andreia encontra o
tom certo. A ironia não engraçadinha é o segredo, por exemplo, da roqueira "Noites": "Noites que passei em branco/sonhando com você/.../esperando o amanhecer/que novela
mexicana é esta vida sem você".
Trompete e trombone conferem um tom mariachi à música.
Andreia sabe que essa coisa
de cantar sobre sentimentos é
cheia de clichês, e por isso manipula-os com habilidade.
Em "Nós Dois", que lembra o
psicodélico Cidadão Instigado
lembrando Roberto Carlos, ela
brinca com as rimas: "Pra nós
dois, o esquema é mais complexo/ muito amor, bastante....dai-nos feijão com arroz".
Em "Joia Rara", subverte o
Rei: "Quero estar sempre ao
seu lado/ também por cima e
por baixo/.../ mando tudo pro
inferno/ te aqueço neste inverno/quero ser seu edredon".
Mas, aqui, não há nenhum sentimento de culpa.
VOL. 2
Artista: Andreia Dias
Lançamento: em maio pela Scubidu Records; preço não definido
Avaliação: bom
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