São Paulo, terça-feira, 19 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Lloyd Wright foi o pioneiro do verde Mostras no MAM destacam início da onda ecológica na arquitetura, do americano a Lucio Costa e Lina Bo Bardi Projetos de Alvar Aalto, na Finlândia, também já antecipavam nos anos 30 a tentativa de criar prédios sustentáveis
SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO Quando Frank Lloyd Wright se separou da primeira mulher, buscou refúgio no vale de Taliesin, no norte dos Estados Unidos. Em 1911, ele construiu na encosta de um monte uma casa que entrou para a história como espécie de prova da total integração entre arquitetura e natureza. Não era para ser uma construção sobre o terreno, mas uma casa que parecesse nascer da terra. Usou pedra e madeira, camuflando o desenho na mata, como se moldasse o entorno de acordo com desejos construtivos. Nos meses de inverno, mudava para sua segunda casa no deserto do Arizona. Tinha quase o mesmo projeto, com a diferença que o desenho se protegia do sol em vez de se abrir para a luz natural como a obra no norte do país. Um século depois, as casas de Lloyd Wright despontam agora como ponto de partida de uma arquitetura verde. "Ele dizia que não se podia ser tão analítico, e sim holístico", diz Dominique Gauzin-Müller, curadora da mostra que o Museu de Arte Moderna abre hoje sobre construções ecológicas. "Mostrou que o território, o clima, a paisagem são os primeiros autores de um projeto." Não espanta que Lloyd Wright era um leitor aplicado de Henry David Thoreau, autor que repudiou a indústria e sugeriu a sobrevivência básica na selva como estilo de vida -o retorno à simplicidade que pautou o modernismo e agora volta a ser tendência num mundo em colapso. Na Europa, o finlandês Alvar Aalto antecipou, já nos anos 30, essa onda verde com sua Villa Mairea, de fendas abertas à luz do sol numa exaltação do entorno que reverberava do lado de dentro. "Ele trabalhava a luz natural", observa Gauzin-Müller. "Isso é algo que ainda hoje preocupa os arquitetos." Depois desse primeiro momento de vanguarda, aliás, o foco ecológico voltaria à baila só nos anos 70, com a primeira crise do petróleo. Mas enquanto americanos e europeus avançavam nas tentativas de integrar suas construções a um clima inóspito, a realidade tropical do Brasil forjou outra modernidade, não menos verde. BRASIL Na mesma época em que Aalto erguia sua vila, Lucio Costa foi fundo na mata de Nova Friburgo, região serrana do Rio, para construir o Park Hotel, prédio suspenso, todo em madeira, com varandas voltadas para o sol. Mais tarde, cercaria suas construções com as barreiras verdes que planejou em Brasília, uma ideia que encontrou eco nos muros vegetais de Lina Bo Bardi e mesmo sua Casa de Vidro, suspensa no meio da mata atlântica, na zona oeste de São Paulo. "Ela tinha uma sensibilidade para incorporar o vernacular a uma linguagem mais erudita", diz Lauro Cavalcanti, curador de uma segunda mostra que começa agora no MAM, com obras verdes feitas no Brasil. "Lina conseguia descobrir a pérola na produção artesanal." MORADA ECOLÓGICA E RAZÃO E AMBIENTE QUANDO abre hoje, às 20h; ter. a dom., das 10h às 17h30; até 26/6 ONDE MAM (pq. Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/5085-1300) QUANTO R$ 5,50 Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Projetos de parques estão no Tomie Ohtake Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |