DA REPORTAGEM LOCAL

Dois cantores populares, cada um com seu estilo e talento, um do Brasil e outro dos EUA, são homenageados em espetáculos que fazem temporada em São Paulo a partir desta semana.
Wanderléia é a razão de ser de "Nos Tempos da Jovem Guarda", encabeçado há duas décadas e meia por Renato Krämer. A "comédia musical", nas palavras do também diretor, reestréia hoje.
Já o norte-americano Frank Sinatra (1915-98) é o mote do musical carioca "Sinatra, Olhos Azuis", que estréia amanhã no teatro das Artes, com roteiro e direção de Cláudio Figueira, e promete um "revival dos áureos tempos de Hollywood com as inesquecíveis canções que marcaram gerações".
Por partes. Morando em São Paulo há 30 anos, Krämer, 50, se diz fã de Wanderléia desde os dez anos, quando assistia em casa, na capital gaúcha, ao programa de auditório "Jovem Guarda", pilotado por Roberto Carlos na Record, que ia ao ar nas tardes de domingo e deu nome ao movimento surgido nos anos 60.
O espetáculo nasceu de uma brincadeira, por assim dizer. Em 1980, o ator foi convidado a cooperar com uma festa que arrecadaria dinheiro para a formatura de uma turma da Escola de Artes Dramáticas (EAD-USP). Sugeriu então um show que homenageasse Wanderléia. Ele se "daria ao luxo de interpretá-la", enquanto os atores formandos assumiriam outros ídolos da época, como Martinha, Eduardo Araújo e, é claro, Roberto e Erasmo.
O formato segue assim até hoje. "Eu sempre fiz o espetáculo, em palcos ou bares, procurando valorizar aquela ingenuidade com a qual curtia o programa "Jovem Guarda" na infância", diz Krämer, que descarta imitar Wanderléia ou os demais artistas. Antes, acredita resgatar o humor e a leveza daqueles anos dourados. O elenco conta com mais nove atores.
Em "Sinatra, Olhos Azuis", são 13 atores-bailarinos, encarregados de 21 números musicais que costuram o roteiro de Figueira sobre a vida e a obra de Frank Sinatra. No repertório, canções como "For Once in My Life", "I've Got You Under My Skin", "New York, New York", "Night and Day" e "Garota de Ipanema".
Integram o elenco nomes como Mauricio Baduh (no papel de Sinatra), Elida L'Astorina (narradora), a soprano Neti Szpilman e o barítono Gabriel Titan.
Figueira é autor de musicais como "Festa na Floresta" e "Loja de Brinquedos", encenados no Brasil e em Portugal. A temporada de "Sinatra, Olhos Azuis" no Rio durou um ano. E valeu à produção o Prêmio Shell 2004 pelos figurinos de Marcelo Marques (130 peças).