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CDS
MÚSICA
Em novo álbum, cantor jamaicano conjuga legado de reggae e hip hop
Damian Marley vai além da herança paterna famosa
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Damian Marley tem 27 anos e
cabelos enrolados em longos
dreadlocks, cultivados sem corte
desde os tempos de colégio. Costuma posar para fotos com um
olhar desafiador e segurando um
gordo baseado entre os dedos.
Além das semelhanças físicas, sua
voz soa bem parecida com a de
Bob Marley e, assim como as dele,
suas músicas versam sobre religião, assassinatos, pobreza e outras mazelas que afligem os jamaicanos. Para completar, adotou o
codinome "Jr. Gong" -o de Bob
era "Tuff Gong".
Com essas características, o filho caçula de Bob podia simplesmente seguir a cartilha pela qual
rezaram seus irmãos e fazer discos de reggae à sombra do que seu
pai foi um dia. Mas Damian sintetizou o que a música jamaicana
tem de melhor, incluindo aí as raízes que espalhou pelos subúrbios
de Nova York e que resultaram no
hip hop, e fez um dos melhores álbuns de 2005, "Welcome to Jamrock", lançado agora no Brasil.
Esse é o terceiro trabalho do
cantor, que ganhou o Grammy de
melhor disco de reggae em 2001
com "Halfway Tree". Mas Damian só "bombou" mesmo com a
faixa-título do novo CD, uma das
dez músicas mais tocadas nos Estados Unidos no ano passado, e
descrita pelo rapper Kanye West
como a "canção do ano".
"Não esperava, mas sentia que
isso poderia acontecer, porque
trabalhamos duro no álbum", disse Damian Marley à Folha. Como
nos anteriores, o irmão Stephen
Marley ajudou na produção.
Estranho no ninho
Ao contrário de Stephen, Damian não faz parte do clã de Rita
Marley, que inclui ainda Julian e
Ziggy Marley. Ele é filho de Bob
Marley com a Miss Universo
Cindy Breakspeare e tinha apenas
dois anos quando o pai morreu.
Por isso, diz que o que sabe sobre Bob veio da convivência com
os irmãos e com Bunny Wailer,
co-fundador dos Wailers -que
abre seu disco discursando em
"Confrontation".
Bunny não é o único veterano
jamaicano que aparece em "Welcome to Jamrock". Estão lá também dois bambambãs do dancehall, Bounty Killer e Eek-a-Mouse, além de samples do grupo de
ska Skatalites. "Cresci ouvindo
reggae, dancehall, meu pai, Shabba Ranks, Supercat, e outros",
lembra Damian. "Mas, na adolescência, comecei a escutar hip hop:
Snoop Dogg, Tupac e KRSOne."
Ele também sampleou Bob
Marley em "Move!", que traz trechos de "Exodus", e "Pimpa's Paradise", quase uma versão para
"Pimper's Paradise". "Usei "Pimper's Paradise" por causa do que a
música diz", explica Damian. "Falo sobre situações e temas que são
familiares à minha geração na Jamaica, e a música trata de coisas
relevantes aos jovens."
Sobre a responsa de ser um
Marley, Damian minimiza: "Se faço o que faço, não é por causa do
meu pai. Minhas influências passam longe das dele, como o dancehall, por exemplo".
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