São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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MÚSICA

Cantora faz curta temporada de apresentações no Credicard Hall e diz que pretende passar mais tempo em estúdio

Marisa Monte aposta em mais gravações e em menos shows

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se você é um daqueles fãs chateados pelo fato de Marisa Monte ter se afastado dos palcos nos últimos anos, pode se acostumar à idéia. Se depender do atual estado de espírito da cantora, a turnê do show "Universo Particular", que estréia hoje no Credicard Hall, em São Paulo, será mais breve do que as anteriores. E as próximas devem ser mais curtas e raras ainda.
"Seria legal gravar mais e viajar menos, já que agora tenho um filho pequeno. Gravei muito pouco até hoje, porque sempre fiz turnês enormes e produzi discos de outras pessoas. Adoro estúdio", diz a cantora, que em 19 anos de carreira gravou oito álbuns, incluindo os novos "Universo ao Meu Redor" e "Infinito Particular".
O problema, segundo Marisa, não está nos shows. "Eu me sinto muito feliz no palco, cantando para as pessoas. O que me incomoda é o excesso de viagens. Para fazer uma horinha de show, você fica três dias longe de casa. É muito trabalho para pouca música", reclama a cantora.
Nos três anos que reservou para cuidar do pequeno Mano Wladimir, Marisa teve mais tempo para compor. "Pude ampliar o meu universo de parceiros e criar um repertório todo inédito de composições", diz ela, referindo-se às canções que fez com Adriana Calcanhoto, Seu Jorge e Marcelo Yuka, além de dar seqüência à parceria que já desenvolvia com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.
Marisa também retomou, nos últimos anos, suas pesquisas de sambas inéditos, não se limitando mais aos compositores da Portela. "Eu sabia que esse era um universo inesgotável. Ao mesmo tempo em que eu ouvi esse material, também fui compondo sambas", conta. Sem lançar discos desde "Tribalistas" (2002), a cantora decidiu então gravar não apenas um, mas dois álbuns.
"Pensei em fazer discos mais coesos em termos de conceito e de repertório", diz ela, referindo-se a "Universo ao Meu Redor", que destaca antigos sambas inéditos de Casemiro Vieira e Jayme Silva, além do recente "Para Mais Ninguém", de Paulinho da Viola. De vocação mais pop, o CD "Infinito Particular" traz 13 composições de Marisa com 11 parceiros.
Preocupada com o destino desse novo repertório no palco, a cantora encontrou uma maneira de transpor para o show muito da sonoridade das gravações: arranjos centrados na formação de fagote, cello, violino e trompete.
"Sou uma serviçal da canção. Eu estruturo o meu pensamento, os arranjos, tudo para servir à canção", analisa-se.
Consciente de que sua idéia de lançar dois CDs simultâneos vai contra a tendência da era digital, cujos downloads de canções na Internet colocam em xeque o próprio conceito de álbum, Marisa brinca, fazendo previsões.
"Talvez estes sejam meus últimos discos. Quem sabe, daqui a quatro anos eu faça só uma ou duas faixas e bote na rede."


Carlos Calado é jornalista e crítico musical, autor do livro "A Divina Comédia dos Mutantes", entre outros
Universo Particular
Quando: sextas e sábados, às 22h; domingos, às 19h. Até dia 28
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas, 17.955, tel. 0/xx/11/6846-6000)
Quanto: de R$ 50 a R$ 120


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