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MÚSICA
Cantora faz curta temporada de apresentações no Credicard Hall e diz que pretende passar mais tempo em estúdio
Marisa Monte aposta em mais gravações
e em menos shows
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Se você é um daqueles fãs chateados pelo fato de Marisa Monte
ter se afastado dos palcos nos últimos anos, pode se acostumar à
idéia. Se depender do atual estado
de espírito da cantora, a turnê do
show "Universo Particular", que
estréia hoje no Credicard Hall, em
São Paulo, será mais breve do que
as anteriores. E as próximas devem ser mais curtas e raras ainda.
"Seria legal gravar mais e viajar
menos, já que agora tenho um filho pequeno. Gravei muito pouco
até hoje, porque sempre fiz turnês
enormes e produzi discos de outras pessoas. Adoro estúdio", diz a
cantora, que em 19 anos de carreira gravou oito álbuns, incluindo
os novos "Universo ao Meu Redor" e "Infinito Particular".
O problema, segundo Marisa,
não está nos shows. "Eu me sinto
muito feliz no palco, cantando para as pessoas. O que me incomoda
é o excesso de viagens. Para fazer
uma horinha de show, você fica
três dias longe de casa. É muito
trabalho para pouca música", reclama a cantora.
Nos três anos que reservou para
cuidar do pequeno Mano Wladimir, Marisa teve mais tempo para
compor. "Pude ampliar o meu
universo de parceiros e criar um
repertório todo inédito de composições", diz ela, referindo-se às
canções que fez com Adriana Calcanhoto, Seu Jorge e Marcelo Yuka, além de dar seqüência à parceria que já desenvolvia com Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.
Marisa também retomou, nos
últimos anos, suas pesquisas de
sambas inéditos, não se limitando
mais aos compositores da Portela.
"Eu sabia que esse era um universo inesgotável. Ao mesmo tempo
em que eu ouvi esse material,
também fui compondo sambas",
conta. Sem lançar discos desde
"Tribalistas" (2002), a cantora decidiu então gravar não apenas
um, mas dois álbuns.
"Pensei em fazer discos mais
coesos em termos de conceito e de
repertório", diz ela, referindo-se a
"Universo ao Meu Redor", que
destaca antigos sambas inéditos
de Casemiro Vieira e Jayme Silva,
além do recente "Para Mais Ninguém", de Paulinho da Viola. De
vocação mais pop, o CD "Infinito
Particular" traz 13 composições
de Marisa com 11 parceiros.
Preocupada com o destino desse novo repertório no palco, a
cantora encontrou uma maneira
de transpor para o show muito da
sonoridade das gravações: arranjos centrados na formação de fagote, cello, violino e trompete.
"Sou uma serviçal da canção. Eu
estruturo o meu pensamento, os
arranjos, tudo para servir à canção", analisa-se.
Consciente de que sua idéia de
lançar dois CDs simultâneos vai
contra a tendência da era digital,
cujos downloads de canções na
Internet colocam em xeque o próprio conceito de álbum, Marisa
brinca, fazendo previsões.
"Talvez estes sejam meus últimos discos. Quem sabe, daqui a
quatro anos eu faça só uma ou
duas faixas e bote na rede."
Carlos Calado é jornalista e crítico musical, autor do livro "A Divina Comédia
dos Mutantes", entre outros
Universo Particular
Quando: sextas e sábados, às 22h;
domingos, às 19h. Até dia 28
Onde: Credicard Hall (av. Nações Unidas,
17.955, tel. 0/xx/11/6846-6000)
Quanto: de R$ 50 a R$ 120
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