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CINEMA
Filmes com novas abordagens da doença são exibidos no Espaço Unibanco
Mostra revê Aids sem "apelo dramático" da década de 90
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para saber o que é a Aids hoje
para os 40 milhões que vivem
com o HIV no mundo, talvez seja
melhor ir ao cinema. Nos últimos
anos, em razão dos avanços do
tratamento -e da qualidade de
vida dos pacientes - a doença
saiu do noticiário para voltar apenas em datas especiais.
A 3ª Mostra Aids que começou
ontem no Espaço Unibanco, traz
o principal da produção cinematográfica dos últimos dois anos
com temas relacionados à doença. Isso não quer dizer que a Aids
seja sempre o argumento dos filmes -em alguns, é apenas mais
um componente do roteiro.
O evento traz inéditos como a
produção africana "Wa NWina",
de Dumisani Phakathi, que retorna a seu bairro em Soweto (África
do Sul) para saber como a doença
afetou o cotidiano de amigos de
infância.
"Filmes como "O Outro Lado da
Aids" foram incluídos para polemizar", diz Mário Scheffer, integrante da ONG Pela Vidda, de auxílio a soropositivos e organizadora da mostra. A produção, dirigida por Robin Scovill, fala da absurda teoria de que o HIV não é o
causador da Aids.
Na primeira edição do evento,
em 97, a temática dos filmes que
tratavam de Aids era praticamente a mesma: a descoberta do vírus,
o preconceito, a solidão, a morte.
Era a Aids terminal, prato cheio
para dramas como "Filadélfia",
estrelado por Tom Hanks.
De 97 a 2004 não houve mostras, diz Scheffer , em razão da ausência de produções com abordagens inovadoras. A própria difusão do coquetel, que garantiu melhor qualidade de vida aos doentes, pode ter desestimulado a indústria cinematográfica, acredita
o ativista. "A Aids deixou de ter
apelo dramático. Mas de 2004 até
hoje houve um monte de filmes
novos. São filmes sobre viver com
Aids, ou sobre a realidade da epidemia, que resiste."
Dois filmes da diretora Louise
Hogarth vêm nessa linha, da resistência do problema. O curta
"Alguém ainda morre de Aids?",
por exemplo, é uma resposta a
propaganda irresponsável de
muitos governos e da indústria
farmacêutica de que a doença está
controlada. O perturbador longa
"O Presente", também dirigido
por Hogarth, fala das sombrias
festas de barebacking, prática intencional de sexo anal sem proteção, muitas vezes com o propósito de adquirir o HIV.
Os filmes foram escolhidos por
jornalistas voluntários e pelos integrantes da ONG. Metade dos ingressos foram distribuídos a pessoas com HIV, ativistas e trabalhadores de serviços de saúde.
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