São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2008

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crítica

Spielberg e Lucas celebram seu passado

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES

"Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" é um agradável exercício de autonostalgia. Quando Steven Spielberg e George Lucas lançaram em 1981 o arqueólogo heróico interpretado por Harrison Ford, a Guerra Fria estava perto do fim, e o domínio na nova Hollywood de blockbusters para adolescentes, apenas no começo.
"Caçadores da Arca Perdida" recuperava o espírito escapista do cinema de aventuras dos anos 30 e 40. Vinte e sete anos se passaram desde o primeiro filme, e nada menos de 19 desde o episódio anterior, tido como fecho da trilogia, "Indiana Jones e a Última Cruzada".
O novo filme chega às telas depois de "Matrix", "Missão Impossível" e outras aventuras em série turbinadas pela revolução dos efeitos digitais. À época, o ritmo de "Caçadores" parecia frenético. Agora, o quarto Indiana parece quase em "slow motion".
O enredo segue à risca o modelo dos anteriores. A Segunda Guerra vira o auge da Guerra Fria em 1957. Saem os nazistas, entram os soviéticos. Aposentam-se os vilões de suásticas para Cate Blanchett celebrar a Lotte Lenya de "007 contra Moscou" com sua oficial ucraniana Irina Spalko. O motor da ação é a busca da tal caveira de cristal na Amazônia peruana. Como reencontro é o "motto", a mocinha do primeiro filme, Marion (Karen Allen), volta, junto com Mutt Williams, o Indiana Jr. (Shia LaBeouf).
A autocelebração acentua-se quando Lucas, também argumentista, introduz de saída uma seqüência moldada em seu longa de estréia, "Loucuras de Verão" (73). Também não demoramos a notar o espectro de "E. T. - O Extraterrestre" (82) em todo o filme. De volta a Indiana Jones, Ford, Lucas e Spielberg retornam para casa. Talvez pela última vez.

Avaliação: bom


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