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crítica
Spielberg e Lucas celebram seu passado
AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
"Indiana Jones e o
Reino da Caveira
de Cristal" é um
agradável exercício de autonostalgia. Quando Steven Spielberg e George
Lucas lançaram em 1981 o
arqueólogo heróico interpretado por Harrison
Ford, a Guerra Fria estava
perto do fim, e o domínio
na nova Hollywood de
blockbusters para adolescentes, apenas no começo.
"Caçadores da Arca Perdida" recuperava o espírito escapista do cinema de
aventuras dos anos 30 e
40. Vinte e sete anos se
passaram desde o primeiro filme, e nada menos de
19 desde o episódio anterior, tido como fecho da
trilogia, "Indiana Jones e a
Última Cruzada".
O novo filme chega às
telas depois de "Matrix",
"Missão Impossível" e outras aventuras em série
turbinadas pela revolução
dos efeitos digitais. À época, o ritmo de "Caçadores"
parecia frenético. Agora, o
quarto Indiana parece
quase em "slow motion".
O enredo segue à risca o
modelo dos anteriores. A
Segunda Guerra vira o auge da Guerra Fria em 1957.
Saem os nazistas, entram
os soviéticos. Aposentam-se os vilões de suásticas
para Cate Blanchett celebrar a Lotte Lenya de "007
contra Moscou" com sua
oficial ucraniana Irina
Spalko. O motor da ação é
a busca da tal caveira de
cristal na Amazônia peruana. Como reencontro é
o "motto", a mocinha do
primeiro filme, Marion
(Karen Allen), volta, junto
com Mutt Williams, o Indiana Jr. (Shia LaBeouf).
A autocelebração acentua-se quando Lucas, também argumentista, introduz de saída uma seqüência moldada em seu longa
de estréia, "Loucuras de
Verão" (73). Também não
demoramos a notar o espectro de "E. T. - O Extraterrestre" (82) em todo o
filme. De volta a Indiana
Jones, Ford, Lucas e Spielberg retornam para casa.
Talvez pela última vez.
Avaliação: bom
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