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Crítica
Torcedores são marca de filme sobre Garrincha
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Não me lembro senão vagamente dos dribles ou dos gols
de "Garrincha, Alegria do
Povo" (Canal Brasil, 0h50). Na
verdade, eles estão em qualquer lugar.
O som é mais memorável.
Mas as imagens mais marcantes deste documentário de Joaquim Pedro de Andrade (sempre deste ponto de vista muito
pessoal) são aquelas que mostram os torcedores. Pessoas cuja alegria e modéstia se estampam nos rostos, não raro desdentados.
São a cara do Brasil. É a cara
que reflete Garrincha: povo por
quem o cinema novo se apaixonou nos anos 50 e 60 e que desejou mostrar intensamente.
Ninguém pense que isso veio
do nada. Desde os anos 20 do
século 20, pelo menos, o Brasil
nutriu certo horror por esse lado caótico do documentário:
você liga a câmera e pode aparecer qualquer coisa (leia-se:
"até pretos"). Tudo que "nossa
imagem" rejeitava, em nome da
ilusão de ser Europa. Quando
"Garrincha" escancara essas
bocas é uma pequena revolução
que estamos testemunhando.
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