Maquinaria reúne Suicidal e Biohazard, mas fãs se irritam com alterações e ausência de atriz pornô

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com a proposta de ser "o maior e mais importante festival de rock pesado do país", o Maquinaria Rock Fest teve sua primeira edição no último fim de semana. A organização do evento esperava 9.000 roqueiros no Espaço das Américas no sábado. Mas, segundo a segurança, apenas 3.116 pessoas foram ao galpão da Barra Funda.
O público esperado não veio, e a apresentadora também não. Jasmine St. Claire, atriz pornô norte-americana que deveria anunciar as atrações, teria perdido o vôo, de acordo com a organização do evento.
As bandas (pelo menos elas!) vieram. Mas o headliner Tristania, da Noruega, descolou um vôo mais cedo para voltar para casa e teve de subir ao palco no horário destinado aos cariocas do Matanza. O público não foi avisado e não teve outra alternativa a não ser escutar o heavy metal gótico do grupo.
"Esse Tristania tinha de ser a primeira banda do dia, assim a gente podia chegar mais tarde e perdê-la", reclamava o estudante Igor Romko, 18, que veio de Curitiba para ver Misfits. Deslocado, o Matanza deu o último acorde às 3h12, para pouco mais de 200 testemunhas.
Primeiro show gringo da maratona, o Misfits não empolgou nem o fã João Gordo, que também se apresentou com o Ratos de Porão. "Isso aí nem é Misfits, é Jerry Only", disse, em referência ao único membro remanescente do grupo. Gordo preferiu ficar batendo papo no camarim. Perto do fim, a banda gastou os hits "Last Caress" e "Die, Die My Darling".
O Sepultura fez seu segundo show em São Paulo com Jean Dolabella na bateria. O substituto de Iggor Cavalera mostrou ser mais preciso e agressivo do que o irmão de Max.
Entre os esperados Suicidal Tendencies e Biohazard, tocou o carioca Sayowa. E todo mundo se perguntava que diabos essa banda fazia entre as principais atrações. Simples: o vocalista e guitarrista Theo Van der Loo é quem organiza o Maquinaria. No palco, tentou arrebanhar fãs para a banda com covers de Nação Zumbi e Metallica, mas só conseguiu bocejos.
De bermudão, camiseta GGG e bandana na cabeça, Mike Muir abriu o set do Suicidal cantando "War Inside My Head". Na platéia, muitos jovens exibiam o mesmo visual do ídolo. Era o caso de Caio Felipe de Carvalho, 20, que viu a performance de Muir espremido na grade que separava o fosso de fotógrafos do palco. "Cheguei às 10h para pegar esse lugar", vibrava.
O Biohazard, com a formação original, executou quase a íntegra de seu disco mais famoso, "Urban Discipline" (1992). Em vez de bater cabeça, os seguidores do grupo pulam. E durante "Punishment", que abriu o bis, o espaço parecia invadido por uma manada de cangurus.


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