São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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ENTRELINHAS

Vedetismo?

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O "affaire João Ubaldo" não fez um grande "zunzum" só entre escritores. Embora não queiram se pronunciar abertamente, cinco editores de diferentes perfis ouvidos pela Folha enxergam na decisão de Ubaldo de não participar da Festa de Parati uma manobra de um trio de editoras fortes do Rio de Janeiro, entre elas a Nova Fronteira, que publica o autor, contra o predomínio da editora Companhia das Letras na Flip e contra a participação da Biblioteca Nacional no evento.
Ubaldo nega que sua desistência tenha sido decisão da sua editora, e a Nova Fronteira declarou por sua assessoria que não se pronunciaria sobre o tema e apoiava as escolhas de seu autor, sejam lá quais fossem.
Outro editor ouvido pela Folha, Angel Bojadsen, da Estação Liberdade e também presidente da Libre, liga das pequenas e médias editoras, criticou o "vedetismo" de Ubaldo, mas festejou "que a Flip tenha suscitado este tipo de debate".
"O fato de que editoras estejam disputando publicamente seus autores, ou os autores se erguendo por elas, é paradoxalmente um sinal de crescimento da penetração da indústria editorial. Essas polêmicas pipocam sempre nos grandes centros."

MÃO ABERTA
Pesquisa realizada no site da Câmara Brasileira do Livro (www.cbl.org.br) revela que 64% dos internautas que visitaram o site da entidade doam livros (33% casualmente e 31% regularmente), contra 36% que não têm esse hábito.

MÃO FECHADA
Dois "feirões" em São Paulo prometem atrair pequenos enxames de literatos de baixo orçamento. A nova Lima Barreto Livraria (tel. 0/xx/11/3819-6077) começa hoje a Feira de Livros do Lima, com descontos de 15% a 50%. Já a Siciliano faz sua 2ª Feira de Livros, hoje e amanhã, na sede da empresa, av. Raimundo Pereira de Magalhães, 3.305, São Paulo.

VIRANDO CASACA
A já tradicional coleção de livros sobre futebol "Camisa 13", que vinha sendo publicada desde 2001 pela DBA, vai mudar de "clube". A série passa a vestir as cores da Ediouro. O primeiro título é "Botafogo, entre o Céu e o Inferno", de Sérgio Augusto, que sai dia 13 de julho. Virão na seqüência Fluminense, por Nelson Motta, Grêmio, por Eduardo Bueno, Internacional, por Luis Fernando Verissimo, entre outros.

ECO, ECO, ECO
Mais do que pelas qualidades literárias, o novo romance de Umberto "O Nome da Rosa" Eco já faz barulho por um detalhe visual: tem mais de 250 ilustrações, todas ligadas ao imaginário da literatura. "A Misteriosa Chama da Rainha Loana", lançado na quarta-feira na Itália, já chegou a algumas prateleiras de São Paulo. A livraria Cultura tem alguns exemplares à venda.

MÃOZONA
A diretora do grupo editorial espanhol Santillana, Isabel Polanco, doa nesta terça-feira na unidade do Brás da Febem de São Paulo 70.593 livros da editora Moderna para a Secretaria da Educação paulista. Os volumes deverão ser distribuídos para as bibliotecas das 77 unidades da Febem.

@ - elek@folhasp.com.br

FORA DA ESTANTE

O futuro corria solto na Rússia do início do século 20. Eisenstein antecipava o que seria o cinema, Malevitch pintava com ousadia (quase) inalcançável ainda hoje, Maiakóvski escrevia os poemas de várias décadas depois. Mas futuro mesmo era o que fazia o menos lembrado Ievguêni Zamiátin (1884-1937). Em 1920, ele foi capaz de escrever um romance em que o narrador é o matemático D-503, morador da utopia totalitária "avant la lettre" Grande Estado Uno, às voltas com o projeto de uma nave espacial. "Nós", nome dessa obra "sui generis", até teve edição no Brasil. Saiu pela extinta Anima em 1984 (por sinal, "1984", de George Orwell, teria sido fortemente calcado na obra de Zamiátin). Duas décadas depois, já era hora de alguma editora fazer um "de volta para o futuro".


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