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ENTRELINHAS
Vedetismo?
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O "affaire João Ubaldo"
não fez um grande "zunzum" só entre escritores. Embora não queiram se pronunciar
abertamente, cinco editores de
diferentes perfis ouvidos pela
Folha enxergam na decisão de
Ubaldo de não participar da
Festa de Parati uma manobra de
um trio de editoras fortes do Rio
de Janeiro, entre elas a Nova
Fronteira, que publica o autor,
contra o predomínio da editora
Companhia das Letras na Flip e
contra a participação da Biblioteca Nacional no evento.
Ubaldo nega que sua desistência tenha sido decisão da sua
editora, e a Nova Fronteira declarou por sua assessoria que
não se pronunciaria sobre o tema e apoiava as escolhas de seu
autor, sejam lá quais fossem.
Outro editor ouvido pela Folha, Angel Bojadsen, da Estação
Liberdade e também presidente
da Libre, liga das pequenas e
médias editoras, criticou o "vedetismo" de Ubaldo, mas festejou "que a Flip tenha suscitado
este tipo de debate".
"O fato de que editoras estejam disputando publicamente
seus autores, ou os autores se erguendo por elas, é paradoxalmente um sinal de crescimento
da penetração da indústria editorial. Essas polêmicas pipocam
sempre nos grandes centros."
MÃO ABERTA
Pesquisa realizada no site da
Câmara Brasileira do Livro
(www.cbl.org.br) revela que
64% dos internautas que visitaram o site da entidade doam livros (33% casualmente e 31%
regularmente), contra 36% que
não têm esse hábito.
MÃO FECHADA
Dois "feirões" em São Paulo
prometem atrair pequenos enxames de literatos de baixo orçamento. A nova Lima Barreto
Livraria (tel. 0/xx/11/3819-6077) começa hoje a Feira de
Livros do Lima, com descontos
de 15% a 50%. Já a Siciliano faz
sua 2ª Feira de Livros, hoje e
amanhã, na sede da empresa,
av. Raimundo Pereira de Magalhães, 3.305, São Paulo.
VIRANDO CASACA
A já tradicional coleção de livros sobre futebol "Camisa
13", que vinha sendo publicada
desde 2001 pela DBA, vai mudar de "clube". A série passa a
vestir as cores da Ediouro. O
primeiro título é "Botafogo,
entre o Céu e o Inferno", de
Sérgio Augusto, que sai dia 13
de julho. Virão na seqüência
Fluminense, por Nelson Motta, Grêmio, por Eduardo Bueno, Internacional, por Luis Fernando Verissimo, entre outros.
ECO, ECO, ECO
Mais do que pelas qualidades
literárias, o novo romance de
Umberto "O Nome da Rosa"
Eco já faz barulho por um detalhe visual: tem mais de 250 ilustrações, todas ligadas ao imaginário da literatura. "A Misteriosa Chama da Rainha Loana", lançado na quarta-feira na
Itália, já chegou a algumas prateleiras de São Paulo. A livraria
Cultura tem alguns exemplares
à venda.
MÃOZONA
A diretora do grupo editorial espanhol Santillana, Isabel Polanco,
doa nesta terça-feira na unidade
do Brás da Febem de São Paulo
70.593 livros da editora Moderna
para a Secretaria da Educação
paulista. Os volumes deverão ser
distribuídos para as bibliotecas
das 77 unidades da Febem.
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
O futuro corria solto na
Rússia do início do século
20. Eisenstein antecipava o
que seria o cinema, Malevitch pintava com ousadia
(quase) inalcançável ainda
hoje, Maiakóvski escrevia os
poemas de várias décadas
depois. Mas futuro mesmo
era o que fazia o menos lembrado Ievguêni Zamiátin
(1884-1937). Em 1920, ele foi
capaz de escrever um romance em que o narrador é
o matemático D-503, morador da utopia totalitária
"avant la lettre" Grande Estado Uno, às voltas com o
projeto de uma nave espacial. "Nós", nome dessa obra
"sui generis", até teve edição
no Brasil. Saiu pela extinta
Anima em 1984 (por sinal,
"1984", de George Orwell, teria sido fortemente calcado
na obra de Zamiátin). Duas
décadas depois, já era hora
de alguma editora fazer um
"de volta para o futuro".
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