São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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Estilo Chanel avança do palco para a platéia

Público da peça "Mademoiselle Chanel" aproveita a ocasião para se produzir com figurinos chiques

JANAINA ROCHA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Marília Pêra - que agora vive a história de Coco Chanel no teatro Faap- fala que só enxerga a personagem quando ela está vestida, caracterizada, finalmente composta. Se isso normalmente ocorre com a atriz, pode-se dizer que o público (feminino) da peça passa por uma experiência semelhante.
A ida a "Mademoiselle Chanel", de sexta a domingo, provoca, para parte da platéia, o desejo do luxo, que se manifesta nas roupas, nos acessórios e na maquiagem. Para ver a persona de Coco, vale usar, ao menos, uma bela echarpe.
"Hoje, me esqueci da minha echarpe, uma original Chanel, mas todo o meu figurino é inspirado nos modelos criados por ela", conta a pró-reitora da Unicarioca, Cláudia Chaves, 50.
"Grande parte dessas senhoras da platéia, inclusive eu, está vestida com esse estilo porque em uma situação como a desse espetáculo há essa possibilidade de brincadeira, de botar um tailleur elegante, de se perfumar com o Nš 5, de calçar seus sapatos que estão novamente em voga. E de ter essa sensação de que se está num ateliê na rue Cambon [rua em Paris onde foi instalado o primeiro ateliê da Maison Chanel]", diz Chaves.
Mas primeiro o amor pela moda, pelo estilo -e depois pelo teatro? Isso não é um consenso.
"Eu vim por causa da história dela, uma pessoa de temperamento bem difícil, mas, sobretudo, uma vencedora, a mulher do século 20, e também pela atuação da atriz", afirma a professora Eleonor Santos da Silva, 61. "Não viria só pela roupa."
No entanto, como afirma Marília Pêra, as pessoas não vão ao teatro para ver uma interpretação. "Essa idéia de misturar no palco o conceito de um breve desfile de moda com uma vida sendo contada junto, acho que isso desperta esse prazer, que o luxo dá, que a beleza dá. Não é só uma boa atuação. É muito mais uma mistura do chique, que a moda tem, com o jeito da vida, que é essa história forte da Chanel, que parece em alguns momentos uma camponesa, pé no chão, real", argumenta a atriz. "Acho bom que as pessoas se sintam motivadas para virem elegantes ao teatro; achava lindo quando ocorria antigamente."
Nem só as senhoras viajaram nessa idéia. As estudantes Chloé Chemin, 15, e Melina Bertholdo, 14, não economizaram nas produções. "Fiquei sabendo da história da Chanel por minha avó e pela peça entendi melhor a importância de sua biografia. Tamanha é a força de seu estilo que reconheço várias coisas dela no que a gente veste hoje", diz Chemin.
Já Bertholdo, que costuma achar a moda "algo supérfluo", se ateve mais à "interpretação realista, com a ênfase no lado humano, confessional e contraditório de Chanel". No entanto, ela confirma que também achou divertido entrar no clima Chanel. "Depois do que a Chanel criou, parece que nada é possível de ser inventado."


MADEMOISELLE CHANEL. Direção: Jorge Takla. Com: Marília Pêra e outros. Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, SP, tel. 0/xx/11/3662-7233). Quando: sex., às 21h; sáb., às 19h e 21h30; e dom., às 18h. Quanto: de R$ 50 a R$ 65. Patrocinadores: Ticket, Microsiga, BNP Paribas, Sun Microsystems e TAM.


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