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Estilo Chanel avança do palco para a platéia
Público da peça "Mademoiselle Chanel" aproveita a ocasião para
se produzir com figurinos chiques
JANAINA ROCHA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Marília Pêra - que agora vive a
história de Coco Chanel no teatro
Faap- fala que só enxerga a personagem quando ela está vestida,
caracterizada, finalmente composta. Se isso normalmente ocorre com a atriz, pode-se dizer que o
público (feminino) da peça passa
por uma experiência semelhante.
A ida a "Mademoiselle Chanel",
de sexta a domingo, provoca, para
parte da platéia, o desejo do luxo,
que se manifesta nas roupas, nos
acessórios e na maquiagem. Para
ver a persona de Coco, vale usar,
ao menos, uma bela echarpe.
"Hoje, me esqueci da minha
echarpe, uma original Chanel,
mas todo o meu figurino é inspirado nos modelos criados por
ela", conta a pró-reitora da Unicarioca, Cláudia Chaves, 50.
"Grande parte dessas senhoras
da platéia, inclusive eu, está vestida com esse estilo porque em uma
situação como a desse espetáculo
há essa possibilidade de brincadeira, de botar um tailleur elegante, de se perfumar com o Nš 5, de
calçar seus sapatos que estão novamente em voga. E de ter essa
sensação de que se está num ateliê
na rue Cambon [rua em Paris onde foi instalado o primeiro ateliê
da Maison Chanel]", diz Chaves.
Mas primeiro o amor pela moda, pelo estilo -e depois pelo teatro? Isso não é um consenso.
"Eu vim por causa da história
dela, uma pessoa de temperamento bem difícil, mas, sobretudo, uma vencedora, a mulher do
século 20, e também pela atuação
da atriz", afirma a professora
Eleonor Santos da Silva, 61. "Não
viria só pela roupa."
No entanto, como afirma Marília Pêra, as pessoas não vão ao teatro para ver uma interpretação.
"Essa idéia de misturar no palco o
conceito de um breve desfile de
moda com uma vida sendo contada junto, acho que isso desperta
esse prazer, que o luxo dá, que a
beleza dá. Não é só uma boa atuação. É muito mais uma mistura
do chique, que a moda tem, com o
jeito da vida, que é essa história
forte da Chanel, que parece em alguns momentos uma camponesa,
pé no chão, real", argumenta a
atriz. "Acho bom que as pessoas
se sintam motivadas para virem
elegantes ao teatro; achava lindo
quando ocorria antigamente."
Nem só as senhoras viajaram
nessa idéia. As estudantes Chloé
Chemin, 15, e Melina Bertholdo,
14, não economizaram nas produções. "Fiquei sabendo da história da Chanel por minha avó e pela peça entendi melhor a importância de sua biografia. Tamanha
é a força de seu estilo que reconheço várias coisas dela no que a
gente veste hoje", diz Chemin.
Já Bertholdo, que costuma
achar a moda "algo supérfluo", se
ateve mais à "interpretação realista, com a ênfase no lado humano,
confessional e contraditório de
Chanel". No entanto, ela confirma que também achou divertido
entrar no clima Chanel. "Depois
do que a Chanel criou, parece que
nada é possível de ser inventado."
MADEMOISELLE CHANEL. Direção:
Jorge Takla. Com: Marília Pêra e outros.
Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, SP,
tel. 0/xx/11/3662-7233). Quando: sex., às
21h; sáb., às 19h e 21h30; e dom., às 18h.
Quanto: de R$ 50 a R$ 65.
Patrocinadores: Ticket, Microsiga, BNP
Paribas, Sun Microsystems e TAM.
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