São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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MÔNICA BERGAMO

"Virei a página"

Fernando Moraes/Folha Imagem
A apresentadora, mais mulher que nunca: ela faz hidratação semanal para preservar os cabelos


Daniella Cicarelli, 26, não reluta ao responder se poderá, um dia, voltar a se relacionar com o craque Ronaldo.
 

Folha - Tem volta?
Cicarelli -
Não.

Folha - E você gosta dele?
Cicarelli -
Não. Não mais.

A apresentadora da MTV recebeu a coluna em sua casa, na noite de quarta, e se deixou acompanhar, na quinta, na gravação de seu novo programa, "Presepada", que estréia no dia 24. Daniella admite que as respostas, tão definitivas, são assustadoras até para ela mesma -os dois estão separados há menos de dois meses.

Cicarelli -É uma frase forte, né? Há uma semana, ele estava no "Caldeirão do Huck" dizendo que ainda gostava [no sábado, 11, Ronaldo foi ao programa da TV Globo e afirmou, sobre a ex-mulher, que ainda sentia "uma coisa muito forte por ela"]. E eu pontuando que não...Porque eu acho que não. Se eu gostasse, eu pegaria um avião e iria para lá [Madri] tentar resolver a situação. Eu virei a página. Na porrada.
 
Daniella está acabando de reformar o apartamento onde mora, no Itaim. Na quarta, recebeu a arquiteta Fernanda Marques para discutir detalhes da decoração. O lugar, de 290 m2 e dois quartos, tem piso de mármore, móveis brancos e paredes de madeira. Na varanda, vasos de plantas, poltronas suspensas de acrílico e bicicletas que, colocadas sobre um "rolo", podem ser usadas sem que saiam do lugar. Daniella lembra, rindo, que um dia Ronaldo tentou pedalar no "rolo" e caiu com a cara no chão. É uma das raras vezes em que se refere espontaneamente ao ex-marido.
 
Daniella está morando com Gucci, seu cãozinho maltês. Pouco depois de sofrer um aborto espontâneo, em abril, e ainda casada, ela usou uma camiseta em que estava estampada a frase: "Quanto mais conheço os homens, mais eu amo o meu cachorro". Duas semanas depois, o casal anunciava a separação. Por que ela usou a camiseta?

Cicarelli - Não sei. Talvez por excesso de amor ao Gucci (risos). Era um momento em que eu estava me sentindo sozinha. E eu tenho sempre a companhia dele (Gucci): tô chorando, tá comigo. Tô rindo, tá comigo. Eu olhava e falava: "Eu só tenho o meu cachorro". Sei que tenho o meu pai, os meus avós. Mas às vezes você se sente abandonada. Sentimentalmente abandonada.
 
A apresentadora reluta em falar do ex-marido. "Ele tem sido elegante, não tem falado nada."
 
Daniella continua: "E eu detestaria abrir o jornal e ver ele declarando coisas que não disse para mim. Nunca conversamos [sobre a separação], não teve um desfecho. Como vou passar para o jornal uma conclusão, se eu e Ronaldo não chegamos às nossas próprias conclusões?"
 
Daniella conta que o casamento já estava em crise antes mesmo de ela sofrer o aborto. A apresentadora não sabe (ou não quer) apontar um motivo exato. O jogador tinha ciúmes quando Daniella o deixava em Madri e vinha para SP? "Mas nada que motivasse uma separação", diz. Daniella perdeu o bebê, e Ronaldo não veio ao Brasil vê-la. Na época, surgiram boatos de que o jogador teria traído a mulher com uma espanhola.

Cicarelli - As pessoas falam: "Ah, traiu com a fulana, com a sicrana". Não sei. Existem duas pessoas que podem me confirmar: ele ou a pessoa que estava com ele.

Folha - Mas esses boatos ajudaram a piorar a crise?
Cicarelli -
Pode ser. Eu não consigo analisar. E nem quero. Para que vou mexer numa ferida?
 
Logo depois, ela foi a um evento onde estava o ex-namorado, João Paulo Diniz. Aí teria sido a vez de o craque ficar contrariado. "Eu não sei. Sei é que nunca traí o Ronaldo." Em seguida, ela voltou para Madri. Encontrou o ex-marido pela primeira e última vez depois de terem perdido o bebê. Os dois não teriam sequer discutido. "Não quebrei casa nenhuma, como disseram. Não teve pancadaria."
 
O craque só disse que sairia de casa, "para espairecer". Um dia. Dois dias. E nada de ele voltar.

Cicarelli - Eu ligava para o meu pai: "Paaai", o que eu faço?" Ele me dizia: "Calma". Fiquei três dias esperando o Ronaldo voltar para olhar para a cara dele e saber o que estava acontecendo. Cansei de ligar, e nada. Aí mandei uma mensagem, fiz a malinha, peguei o cachorro e vim embora para o Brasil. A gente nunca mais se viu.
 
As roupas dela ainda estão em Madri. Seu vestido de casamento também. Os dois voltaram a se falar apenas por telefone. Às vezes trocam e-mails.

Folha - Vocês vão se falar pessoalmente um dia?
Cicarelli -
Obviamente a gente vai se cruzar. Eu preciso ir em Madri buscar as minhas coisas. Mas falta coragem. Você vai entrar na casa que morou, olhar a cama em que dormia, o seu cachorro, o seu armário...É mexer. Eu não quero.

Folha - Por quê?
Cicarelli -
Doeu muito. Doeu a separação, doeu ver programa de fofoca falando sobre o casamento. Era tarólogo, padre...
 
A apresentadora considera que ela e Ronaldo são amigos. "Ele sabe que, se precisar, pode contar comigo. Sei que a recíproca é verdadeira. Mas a gente precisa se afastar para curar tudo o que passou". Ela diz que, no início, sentiu falta de "falar 20 vezes por dia" com o craque.

CicarelliNa primeira noite que eu deitei no meu travesseiro, pensei: "A gente se separou...". Acendi a luz do quarto e fiquei pensando: "Não acredito". Foi difícil.

Folha - Aquela coisa de acordar chorando...
Cicarelli -
Eu procurava não chorar. Mas, quando chorava, era por tudo: a separação, a mídia me massacrando, paparazzi me seguindo. Um dia liguei para a minha avó [Fausta], fiquei duas horas chorando no telefone. Ela perguntava: "Cê tá chorando por que?". Eu falava: "Por tudo, por nada". Mas, da mesma maneira que eu aprendi a ter ele na minha vida, eu aprendi a não ter. Eu me sinto aliviada, não por ele, mas de não ter que prestar contas por estar ao lado de um ídolo mundial. Se amanhã eu comprar uma casa, ninguém vai falar: "Ah, o Ronaldo que deu...". Se ele não fizer gol, a culpa não é mais minha.

Folha - Mas é difícil acreditar que, em um mês, você já virou a página.
Cicarelli -
Era uma delícia [estar com Ronaldo]? Era. Tínhamos planos, sonhos. E aí você larga isso tudo para trás. Só que tomei tanta porrada, me traumatizei tanto que falei: preciso de uma vida nova. Então não olho para trás.
 
Daniella já está até namorando, com o advogado Flávio Zveiter, do Rio. Está apaixonada? "Eu estou amando viver uma história normal." Quer dizer, mais ou menos. No sábado, 12, os dois foram seguidos por seis carros de fotógrafos no Rio.
 
Apesar do assédio, Daniella Cicarelli tenta manter uma vida normal. Na noite de quarta-feira, depois de conversar com sua arquiteta, ela foi ao cabeleireiro lixar uma unha que tinha caído por ela ter batido o pé numa corrida (Daniella é tão fanática por esporte que tem mais de cem pares de tênis em casa, e está sempre com as unhas machucadas). Ela saiu de casa dirigindo o próprio carro, uma BMW preta, blindada.
 
A caminho do cabeleireiro, ela conta que mesmo com Ronaldo vivia "como uma pessoa normal". E ele? "Ele também é muito simples". Daniella conta que "um dia o Ronaldo queria fazer compras na Daslu, saltou na [avenida] Faria Lima e pegou um táxi. Ninguém acreditou." Compras, o Ronaldo? "É que ele nunca viaja com mala, só com uma sacolinha de mão", diz. Ronaldo tem uma filosofia: para que carregar malas e malas, se é possível viajar apenas com um cartão de crédito? "Ele brincava comigo: Daniella, mala é coisa de pobre."
 
Na manhã de quinta, a modelo segue a mesma rotina: dirige o próprio carro, sozinha, até a MTV. Chega na emissora perto das 11 h. Vai à sala do figurino e veste uma roupa de homem: sua missão naquele dia será "invadir" o programa do Capital Inicial. Daniella brinca com os figurinistas, dá apelido para todos: chama Gerson Fragoso de "Gererê"; o diretor, Eduardo de Marco, de "Edineide".
 
Conta que é sonâmbula e que, há muitos anos, chegou a se jogar de uma janela por sonhar que o apartamento em que estava pegava fogo. "A sorte é que era primeiro andar", diz. Vê no mural que a MTV vai gravar um acústico com o grupo "O Rappa". "Nossa, quero apresentar!
 
Na sala de maquiagem, ela fala da beleza de Gisele Bündchen. "Ela é poderosa, linda. Ela é uma mulher que chega! Sabe chegar?" Depois de pronta, ela vai para o estúdio onde o Capital Inicial ensaiará. Almoça no boteco em frente ao local. Faz um prato de carne, frango, arroz, feijão. Daniella não faz regime, come chocolate à beça.
 
Durante a refeição, fala da família. "Li coisas absurdas, que minha mãe me batia, me maltratava. Temos um relacionamento mais distante. Mas sou eu que cuido dela, que pago todas as coisas dela...". Daniella quer ter filhos, formar uma família. "Quando eu vi a barriga da Didi [ Wagner, VJ da MTV, grávida de cinco meses], eu falei: nooossa!", diz. Mas esse é um projeto que Daniella decidiu adiar por um bom tempo. Se pudesse resumir, em poucas palavras, o que aconteceu em sua vida no último ano, ela diz: "Um avião passou por cima de mim. Mas eu não tinha saída: levantei porque eu preciso levantar".


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