|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÔNICA BERGAMO
"Virei a página"
Fernando Moraes/Folha Imagem
|
A apresentadora, mais mulher que nunca: ela faz hidratação semanal para preservar os cabelos |
Daniella Cicarelli, 26, não reluta ao responder se poderá, um dia, voltar a se relacionar com o craque Ronaldo.
Folha - Tem volta?
Cicarelli - Não.
Folha - E você gosta dele?
Cicarelli -Não. Não mais.
A apresentadora da MTV recebeu a coluna em sua casa, na
noite de quarta, e se deixou
acompanhar, na quinta, na gravação de seu novo programa,
"Presepada", que estréia no dia
24. Daniella admite que as respostas, tão definitivas, são assustadoras até para ela mesma
-os dois estão separados há
menos de dois meses.
Cicarelli -É uma frase forte, né?
Há uma semana, ele estava no
"Caldeirão do Huck" dizendo que
ainda gostava [no sábado, 11, Ronaldo foi ao programa da TV Globo e afirmou, sobre a ex-mulher,
que ainda sentia "uma coisa muito forte por ela"]. E eu pontuando
que não...Porque eu acho que
não. Se eu gostasse, eu pegaria um
avião e iria para lá [Madri] tentar
resolver a situação. Eu virei a página. Na porrada.
Daniella está acabando de reformar o apartamento onde
mora, no Itaim. Na quarta, recebeu a arquiteta Fernanda Marques para discutir detalhes da
decoração. O lugar, de 290 m2 e
dois quartos, tem piso de mármore, móveis brancos e paredes
de madeira. Na varanda, vasos
de plantas, poltronas suspensas
de acrílico e bicicletas que, colocadas sobre um "rolo", podem
ser usadas sem que saiam do lugar. Daniella lembra, rindo, que
um dia Ronaldo tentou pedalar
no "rolo" e caiu com a cara no
chão. É uma das raras vezes em
que se refere espontaneamente
ao ex-marido.
Daniella está morando com
Gucci, seu cãozinho maltês.
Pouco depois de sofrer um
aborto espontâneo, em abril, e
ainda casada, ela usou uma camiseta em que estava estampada a frase: "Quanto mais conheço os homens, mais eu amo o
meu cachorro". Duas semanas
depois, o casal anunciava a separação. Por que ela usou a camiseta?
Cicarelli - Não sei. Talvez por excesso de amor ao Gucci (risos).
Era um momento em que eu estava me sentindo sozinha. E eu tenho sempre a companhia dele
(Gucci): tô chorando, tá comigo.
Tô rindo, tá comigo. Eu olhava e
falava: "Eu só tenho o meu cachorro". Sei que tenho o meu pai,
os meus avós. Mas às vezes você
se sente abandonada. Sentimentalmente abandonada.
A apresentadora reluta em falar do ex-marido. "Ele tem sido
elegante, não tem falado nada."
Daniella continua: "E eu detestaria abrir o jornal e ver ele
declarando coisas que não disse
para mim. Nunca conversamos
[sobre a separação], não teve
um desfecho. Como vou passar
para o jornal uma conclusão, se
eu e Ronaldo não chegamos às
nossas próprias conclusões?"
Daniella conta que o casamento já estava em crise antes mesmo de ela sofrer o aborto. A
apresentadora não sabe (ou não
quer) apontar um motivo exato.
O jogador tinha ciúmes quando
Daniella o deixava em Madri e
vinha para SP? "Mas nada que
motivasse uma separação", diz.
Daniella perdeu o bebê, e Ronaldo não veio ao Brasil vê-la.
Na época, surgiram boatos de
que o jogador teria traído a mulher com uma espanhola.
Cicarelli - As pessoas falam: "Ah,
traiu com a fulana, com a sicrana". Não sei. Existem duas pessoas que podem me confirmar:
ele ou a pessoa que estava com ele.
Folha - Mas esses boatos ajudaram a piorar a crise?
Cicarelli - Pode ser. Eu não consigo analisar. E nem quero. Para
que vou mexer numa ferida?
Logo depois, ela foi a um evento onde estava o ex-namorado,
João Paulo Diniz. Aí teria sido a
vez de o craque ficar contrariado. "Eu não sei. Sei é que nunca
traí o Ronaldo." Em seguida, ela
voltou para Madri. Encontrou o
ex-marido pela primeira e última vez depois de terem perdido
o bebê. Os dois não teriam sequer discutido. "Não quebrei
casa nenhuma, como disseram.
Não teve pancadaria."
O craque só disse que sairia de
casa, "para espairecer". Um dia.
Dois dias. E nada de ele voltar.
Cicarelli - Eu ligava para o meu
pai: "Paaai", o que eu faço?" Ele
me dizia: "Calma". Fiquei três
dias esperando o Ronaldo voltar
para olhar para a cara dele e saber
o que estava acontecendo. Cansei
de ligar, e nada. Aí mandei uma
mensagem, fiz a malinha, peguei
o cachorro e vim embora para o
Brasil. A gente nunca mais se viu.
As roupas dela ainda estão em
Madri. Seu vestido de casamento também. Os dois voltaram a
se falar apenas por telefone. Às
vezes trocam e-mails.
Folha - Vocês vão se falar pessoalmente um dia?
Cicarelli - Obviamente a gente
vai se cruzar. Eu preciso ir em Madri buscar as minhas coisas. Mas
falta coragem. Você vai entrar na
casa que morou, olhar a cama em
que dormia, o seu cachorro, o seu
armário...É mexer. Eu não quero.
Folha - Por quê?
Cicarelli - Doeu muito. Doeu a
separação, doeu ver programa de
fofoca falando sobre o casamento.
Era tarólogo, padre...
A apresentadora considera que
ela e Ronaldo são amigos. "Ele
sabe que, se precisar, pode contar comigo. Sei que a recíproca é
verdadeira. Mas a gente precisa
se afastar para curar tudo o que
passou". Ela diz que, no início,
sentiu falta de "falar 20 vezes
por dia" com o craque.
CicarelliNa primeira noite que
eu deitei no meu travesseiro, pensei: "A gente se separou...". Acendi a luz do quarto e fiquei pensando: "Não acredito". Foi difícil.
Folha - Aquela coisa de acordar
chorando...
Cicarelli -Eu procurava não chorar. Mas, quando chorava, era por
tudo: a separação, a mídia me
massacrando, paparazzi me seguindo. Um dia liguei para a minha avó [Fausta], fiquei duas horas chorando no telefone. Ela perguntava: "Cê tá chorando por
que?". Eu falava: "Por tudo, por
nada". Mas, da mesma maneira
que eu aprendi a ter ele na minha
vida, eu aprendi a não ter. Eu me
sinto aliviada, não por ele, mas de
não ter que prestar contas por estar ao lado de um ídolo mundial.
Se amanhã eu comprar uma casa,
ninguém vai falar: "Ah, o Ronaldo
que deu...". Se ele não fizer gol, a
culpa não é mais minha.
Folha - Mas é difícil acreditar que,
em um mês, você já virou a página.
Cicarelli - Era uma delícia [estar
com Ronaldo]? Era. Tínhamos
planos, sonhos. E aí você larga isso tudo para trás. Só que tomei
tanta porrada, me traumatizei
tanto que falei: preciso de uma vida nova. Então não olho para trás.
Daniella já está até namorando, com o advogado Flávio
Zveiter, do Rio. Está apaixonada? "Eu estou amando viver
uma história normal." Quer dizer, mais ou menos. No sábado,
12, os dois foram seguidos por
seis carros de fotógrafos no Rio.
Apesar do assédio, Daniella
Cicarelli tenta manter uma vida
normal. Na noite de quarta-feira, depois de conversar com sua
arquiteta, ela foi ao cabeleireiro
lixar uma unha que tinha caído
por ela ter batido o pé numa
corrida (Daniella é tão fanática
por esporte que tem mais de
cem pares de tênis em casa, e está sempre com as unhas machucadas). Ela saiu de casa dirigindo o próprio carro, uma BMW
preta, blindada.
A caminho do cabeleireiro, ela
conta que mesmo com Ronaldo
vivia "como uma pessoa normal". E ele? "Ele também é muito simples". Daniella conta que
"um dia o Ronaldo queria fazer
compras na Daslu, saltou na
[avenida] Faria Lima e pegou
um táxi. Ninguém acreditou."
Compras, o Ronaldo? "É que ele
nunca viaja com mala, só com
uma sacolinha de mão", diz.
Ronaldo tem uma filosofia: para
que carregar malas e malas, se é
possível viajar apenas com um
cartão de crédito? "Ele brincava
comigo: Daniella, mala é coisa
de pobre."
Na manhã de quinta, a modelo segue a mesma rotina: dirige
o próprio carro, sozinha, até a
MTV. Chega na emissora perto
das 11 h. Vai à sala do figurino e
veste uma roupa de homem: sua
missão naquele dia será "invadir" o programa do Capital Inicial. Daniella brinca com os figurinistas, dá apelido para todos: chama Gerson Fragoso de
"Gererê"; o diretor, Eduardo de
Marco, de "Edineide".
Conta que é sonâmbula e que,
há muitos anos, chegou a se jogar de uma janela por sonhar
que o apartamento em que estava pegava fogo. "A sorte é que
era primeiro andar", diz. Vê no
mural que a MTV vai gravar um
acústico com o grupo "O Rappa". "Nossa, quero apresentar!
Na sala de maquiagem, ela fala
da beleza de Gisele Bündchen.
"Ela é poderosa, linda. Ela é
uma mulher que chega! Sabe
chegar?" Depois de pronta, ela
vai para o estúdio onde o Capital Inicial ensaiará. Almoça no
boteco em frente ao local. Faz
um prato de carne, frango, arroz, feijão. Daniella não faz regime, come chocolate à beça.
Durante a refeição, fala da família. "Li coisas absurdas, que
minha mãe me batia, me maltratava. Temos um relacionamento mais distante. Mas sou
eu que cuido dela, que pago todas as coisas dela...". Daniella
quer ter filhos, formar uma família. "Quando eu vi a barriga
da Didi [ Wagner, VJ da MTV,
grávida de cinco meses], eu falei: nooossa!", diz. Mas esse é
um projeto que Daniella decidiu
adiar por um bom tempo. Se
pudesse resumir, em poucas palavras, o que aconteceu em sua
vida no último ano, ela diz: "Um
avião passou por cima de mim.
Mas eu não tinha saída: levantei
porque eu preciso levantar".
Texto Anterior: Eu sei o que vocês fizeram Próximo Texto: Televisão: Redes revidam ataque de campanha Índice
|