São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Acadêmicos não se lembram dos outros indicados

DE SÃO PAULO

Colega do presidente da ABL, Marcos Vinícios Vilaça, na Academia Pernambucana de Letras ("Tive a honra de ter o voto dele"), o médico Milton Lins, 82, é um tradutor tardio. Começou aos 71 anos. Usa a aposentadoria para exercer a paixão, e já publicou, em edições de autor, dez livros com traduções.
Questionado sobre os erros, disse: "É possível que eu tenha feito algumas variações. Mas não fui eu quem me premiei. Se eu fosse julgar, não me premiaria".
Ele foi indicado pelo imortal Ivan Junqueira, que integrou, com Carlos Nejar e Evanildo Bechara, a comissão responsável pelo prêmio.
Nem Junqueira nem Nejar souberam dizer de pronto quais foram os outros indicados ao prêmio -ambos disseram não lembrar.
Num segundo contato, Junqueira afirmou que no primeiro telefonema tivera "um branco". "Mas agora lembro. Pensamos em Rosa Freire d'Aguiar, descartamos porque é viúva de Celso Furtado [que foi acadêmico]; em Leonardo Fróes, mas ele já ganhou; e em Paulo Henriques Britto, mas no ano anterior ele não tinha publicado [pré-requisito]".
Junqueira, que disse nunca ter visto Lins (o tradutor contou que se encontraram algumas vezes), defendeu a premiação. "Quisemos tirar um pouco o prêmio do eixo Rio-SP. É injusto se fixar nos poucos erros em vez de nos muitos acertos."
Cogitou que possa ter havido "erro de impressão, gralha". "Isso não invalida o trabalho de uma vida inteira. São décadas de trabalho."
Informado de que Lins é um tradutor tardio, disse: "Pela quantidade de coisa que ele traduziu, eu imaginava que fosse mais tempo".
A reportagem solicitou entrevista com Vilaça, mas a assessoria da ABL disse que, por estar em recuperação de um acidente, ele não falaria.


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