Suposto abaixo-assinado é mal recebido por artistas do Municipal

Parte da orquestra vai pedir desculpas ao regente Rodrigo de Carvalho e organiza retomada dos concertos

ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Em público, a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (OSM) mantém o silêncio. Internamente, ouve sua desafinação. Após a divulgação de um suposto abaixo-assinado no qual os músicos pediam a saída do maestro Rodrigo de Carvalho, o grupo sinfônico passou a tocar em diferentes compassos.
De um lado, estão os chefes de naipe que enviaram a carta apelidada de abaixo-assinado. De outro, os músicos que não colocaram o nome no documento por discordar de seu conteúdo.
Para reagir à crise que veio a público nesta semana, a orquestra realizou uma assembleia anteontem. Decidiu duas coisas: tentar retomar a programação, interrompida em decorrência da carta, e pedir desculpas ao regente.
"Até quem assinou discordou da versão final e do encaminhamento", diz um músico, que pede sigilo de seu nome. Para evitar que o racha cause ainda mais estragos, a orquestra decidiu não dar declarações à imprensa até que haja uma nova reunião com o secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil.
Por trás desses ruídos está a transformação do teatro numa Fundação - hoje, ele é administrado pela prefeitura. Tal mudança implica disputas de poder e também em alterações na forma de contratação dos músicos.
"Tentei conduzir essa transição da forma mais tranquila possível", diz Calil. "Não quis que tivéssemos um banho de sangue como na Osesp. Mas, depois desse episódio, serei obrigado a precipitar o cronograma. Assim que a orquestra voltar à normalidade, darei início ao processo de escolha de um novo maestro titular", afirma.
A grande dúvida, agora, é se Carvalho vai reger a OSM no concerto do Festival de Campos do Jordão, em julho.


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