São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Loose" traz Nelly Furtado "popozuda"

Conhecida por baladas como "I'm Like a Bird", a cantora se associa a Timbaland para criar canções sexies e dançantes

Seu terceiro CD traz hits instantâneos como "Maneater" e "Promiscuous", que a fazem ser comparada a Beyoncé e Gwen Stefani


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Originalidade não é das qualidades mais fáceis de serem encontradas no pop de hoje, mas mesmo assim a maioria dos artistas insiste no discurso do novo, do diferente, a cada disco lançado. Nesse sentido, Nelly Furtado é bem original.
"No passado trabalhei duro tentando ser original, hoje não me preocupo mais com isso. Tento fazer algo de qualidade", disse a cantora canadense de ascendência portuguesa. "Loose", seu terceiro álbum, é o motivo da conversa por telefone com a Folha, em que misturava o inglês e o português.
Nelly Furtado passou a ser bastante falada e ouvida há pouco mais de seis anos. De lá para cá, era invariavelmente associada a baladas doces, juvenis, conseqüência principalmente de "I'm Like a Bird", hit que ajudou a empurrar o primeiro disco, "Whoa, Nelly!" (2000), às mais de 2,5 milhões de cópias vendidas.
Uma nova Nelly Furtado, tanto do ponto de vista artístico quanto marqueteiro, é o que nos traz "Loose". As roupas encurtaram, as fotos publicitárias procuram o sensual e ela se aproxima do filão r&b-funk-dançante de cantoras como Gwen Stefani, Britney Spears e Beyoncé. "Sim, há similaridades, mas não isso me importa. Não estava buscando algo totalmente novo", afirma.
Nos vídeos e nos recentes shows, Furtado até arrisca algumas reboladas, coisa impensável na época de "Whoa, Nelly!" e de "Folklore" (2003), que vendeu apenas um quinto das cópias de seu antecessor -essa faceta antiga da cantora foi vista ao vivo em São Paulo em 2002, durante um show.
"Agora sou mãe, sou uma mulher diferente. Acho que antes não me considerava uma mulher feita. Hoje me sinto mais sexy, mais confiante", disse. "Não estou me escondendo, não tenho medo de mostrar o que sinto, o que penso. E me dei conta do poder da dança no palco, de umas boas reboladas. O público adora", diverte-se.
Se dependesse apenas desse novo verniz, Nelly Furtado não conseguiria levar "Loose" ao primeiro lugar da parada britânica, feito inédito para ela. O álbum está recheado de canções com batidas espertas, atuais, dançantes, como "Maneater", "Promiscuous" e o quase reggaeton "No Hay Igual". Sobre esta última, ela explica:
"Quando fui a Miami para gravar o disco, as rádios de lá sempre tocavam reggaeton, então fiquei curiosa e me interessei por esse tipo de música. Não é exatamente um reggaeton, mas foi inspirada por ele. E, no futuro, quero lançar um álbum apenas com canções em espanhol e em português".
Muito do mérito de "Loose" é culpa de Timbaland, um dos melhores produtores norte-americanos e que trabalhou nos melhores discos de Missy Elliott e Aaliyah. Timbaland imprimiu melodias e beats sexies que se encaixam com a nova imagem de Nelly Furtado.
Esse contato com o produtor surgiu anos atrás, quando Timbaland chamou a cantora para participar de uma versão de "Get Ur Freak On", de Missy Elliott. "Temos vários amigos em comum que sempre falavam para fazermos um disco juntos. Quando comecei a escrever as músicas deste álbum, logo pensei nele", conta. "Foi como um love affair. Ele me desafiava e fez surgir um lado meu que eu nem conhecia."
Com coisas como "Maneater" e "Promiscuous", ela definitivamente se desconectou de "I'm Like a Bird". "Cheguei a pensar que talvez pudesse ficar sempre associada a essa música, que poderia ficar conhecida como cantora de um sucesso só", confessa. "Mas depois percebi que não deveria me preocupar tanto, pois, quando você consegue criar um hit desses, tem de se sentir agradecido. Não acontece com todo o mundo."
"Loose" chegou com uma pequena polêmica. Chris Martin, vocalista do Coldplay, fez uma participação em "All Good Things (Come to an End)". Mas, pouco antes do álbum ser lançado, a gravadora da banda britânica vetou a colaboração, pois os fãs do Coldplay poderiam "estranhar". Assim, a música saiu sem a voz de Martin. "A contribuição dele foi pequena, então, no final, não houve muito problema. Mas acho que a energia ainda está lá."


Texto Anterior: Resumo das novelas
Próximo Texto: Crítica: Com o álbum, artista coroa o novo pop
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.