São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2006

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CINEMA

Trajetória tem altos e baixos

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Se cada ator devesse deixar um filme apenas para ser lembrado, o de Raul Cortez seria "O Caso dos Irmãos Naves" (1967), de Luis Sérgio Person, onde faz um dos irmãos presos e condenados por um assassinato com o qual não tinham nada a ver.
Cortez se destaca ao criar um personagem em que a submissão superficial ao poder não impede que transpareça a revolta e o espanto com a situação que vive. Em 2001, fez o pai no belo "Lavoura Arcaica", de Luiz Fernando Carvalho.
Ao longo de sua carreira, esteve envolvido em comédias (de "Beto Rockfeller", a "Os Trapalhões no Auto da Compadecida"), policiais ("Pecado sem Nome" ou "A Grande Arte"), eróticos ("Amor de Perversão"), políticos ("Tensão no Rio"), dramas ("Vera") e mesmo essa mistura de documentário e melodrama que é "Cinema de Lágrimas", de Nelson Pereira dos Santos.
Numa cinematografia irregular, alternou poucos bons filmes com uma maioria de trabalhos medíocres. Seu nome pode ser encontrado em inúmeros filmes populares.
Nisso, aliás, não se afasta da média brasileira. E nem há no fenômeno nada que possa desabonar sua carreira: a vida do ator de cinema parece consistir, não raro, na busca de um filme que o eternize.
Cortez fez vários em que sua presença foi decisiva para o bom resultado.
E teve sorte: mesmo depois de sua morte, quem o vir em "O Caso dos Irmãos Naves" reconhecerá ali um ótimo ator em um ótimo filme.


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