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CINEMA
Trajetória tem altos e baixos
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se cada ator devesse deixar um filme apenas para
ser lembrado, o de Raul
Cortez seria "O Caso dos
Irmãos Naves" (1967), de
Luis Sérgio Person, onde
faz um dos irmãos presos e
condenados por um assassinato com o qual não tinham nada a ver.
Cortez se destaca ao
criar um personagem em
que a submissão superficial ao poder não impede
que transpareça a revolta e
o espanto com a situação
que vive. Em 2001, fez o
pai no belo "Lavoura Arcaica", de Luiz Fernando
Carvalho.
Ao longo de sua carreira,
esteve envolvido em comédias (de "Beto Rockfeller", a "Os Trapalhões no
Auto da Compadecida"),
policiais ("Pecado sem
Nome" ou "A Grande Arte"), eróticos ("Amor de
Perversão"), políticos
("Tensão no Rio"), dramas
("Vera") e mesmo essa
mistura de documentário
e melodrama que é "Cinema de Lágrimas", de Nelson Pereira dos Santos.
Numa cinematografia
irregular, alternou poucos
bons filmes com uma
maioria de trabalhos medíocres. Seu nome pode
ser encontrado em inúmeros filmes populares.
Nisso, aliás, não se afasta da média brasileira. E
nem há no fenômeno nada
que possa desabonar sua
carreira: a vida do ator de
cinema parece consistir,
não raro, na busca de um
filme que o eternize.
Cortez fez vários em que
sua presença foi decisiva
para o bom resultado.
E teve sorte: mesmo depois de sua morte, quem o
vir em "O Caso dos Irmãos
Naves" reconhecerá ali
um ótimo ator em um ótimo filme.
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