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SÃO PAULO FASHION WEEK
Neon faz show com Marilyns tropicais
Modelos da grife paulistana desfilaram sobre saída de ar, deixando o vento levantar os vestidos superestampados
Cavalera apresentou
sua coleção masculina
no autódromo de
Interlagos, ao som do
grupo Secos e Molhados
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Já que asfalto é praia de paulista, a Cavalera levou os fashionistas à pista do autódromo de
Interlagos para mostrar sua coleção de verão masculina, no
último dia da São Paulo Fashion Week. Embalados por
clássicos da banda Secos e Molhados, um batalhão de 53 meninos caminhou sob o sol na
longa "passarela" a céu aberto
da pista de carros.
Deixando para trás os excessos de coleções passadas, o time
de designers da Cavalera apostou num streetwear bem brasileiro e de espírito relax. Os destaques foram os microshorts,
os moletons confortáveis e os
macacões jeans, que imitavam
os usados por pilotos.
A Cavalera abriu o último dia
da SPFW, e também fechou a
semana de moda, com o desfile
feminino, que contou na passarela com beldades seminuas
fingindo tomar sol em montinhos de areia. A coleção, porém, foi menos feliz que a masculina. Reverberando idéias do
inverno passado, quando fez
um de seus melhores desfiles, a
Cavalera repetiu idéias e modelagens. Os balonês e os volumes
em camadas de babados e as
mangas longas deixaram tudo
pesado demais para o verão,
roubando o frescor da coleção.
Os melhores looks surgem
quando as formas são mais leves, como no delicado macaquinho com efeito patchwork
floral.
No último dia, a São Paulo
Fashion Week recuperou o humor e a sensualidade que estavam faltando ao evento -graças, sobretudo, ao delicioso
desfile da Neon. A grife de Dudu Bertholini e Rita Comparato
levou as modelos para passearem sobre um palco todo branco com saída de ar. Enquanto
elas atravessavam o espaço, um
vento safado levantava os vestidos vaporosos, num momento
Marilyn Monroe tropical.
As estampas, mais uma vez,
foram destaque: pavões, grafismos étnicos e ícones da cidade
de São Paulo enfeitavam as modelagens apuradas da dupla de
designers. A moda praia, com
tops amarrados atrás do pescoço e elegantes maiôs com cavas
altíssimas, serve de exemplo
para outras grifes de que é possível ter uma identidade forte
mesmo na areia.
O estilista paranaense Jefferson Kulig fez uma reviravolta
em seu estilo -para melhor.
Reduziu o excesso de exibicionismo artístico que o levava em
geral para um território fora da
moda e concentrou sua criatividade nas próprias roupas.
Apresentou uma coleção em
que dosou com desenvoltura a
invenção estética das formas, o
trabalho com os materiais e a
praticabilidade das peças.
Não todas, claro, mas uma
boa parte delas, como as calças
skinny, os colants estampados
e mesmo as blusinhas transparentes desconstruídas. Os vestidos com relevos de cordas feitas de tururi, uma fibra amazônica, chamaram a atenção. A
ousada saia balonê em xadrez,
que lembrava a recente coleção
punk do inglês Alexander
McQueen, também.
A paulistana Fábia Bercsek
mostrou uma das coleções mais
francamente sexies da São Paulo Fashion Week, nesta temporada em que predominaram as
silhuetas recatadas e o questionamento do "estilo gostosona"
(leia a respeito à esquerda).
Bercsek criou um conjunto de
peças em que alternou a leveza
da lingerie e o peso de tachinhas coloridas na decoração de
peças de alfaiataria, flertando
ironicamente com o kitsch e
com certas imagens de vulgaridade.
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