São Paulo, segunda-feira, 19 de julho de 2010

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OPINIÃO

Pianista exibe ímpeto e vitalidade nas interpretações

RODRIGO VASCONCELOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A brasileira Cristina Ortiz é uma artista disposta a arrebatar a plateia. Seu ímpeto e vitalidade, características que ela associa à sua nacionalidade, parecem guiar a percepção que se tem dela.
Com quinze anos, a pianista baiana deixou o Rio para estudar com Magdalena Tagliaferro em Paris. Três anos depois, obteve o prêmio do concurso Van Cliburn nos EUA e decidiu estudar com Rudolf Serkin, na Filadélfia.
Mesmo mantendo relação íntima com compositores importantes, como Robert Schumann (1810-1856) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Cristina Ortiz tem a preocupação em sair do óbvio.
Já realizou gravações com obras de compositores menos conhecidos como Clara Schumann (1819-1896), esposa de Robert Schumann, ou seu conterrâneo Fructuoso Vianna (1896-1976).
Villa-Lobos é uma especialidade. A gravação de seus cinco concertos para piano e orquestra com a Royal Philharmonic virou referência.
Outro projeto de peso, relacionado a esse compositor, foi a execução de seu "Choros nº 11", uma obra também para piano e orquestra em 2005, com a Osesp.
São enormes os méritos de quem se dispõe a encarar uma obra de proporções imensas e tão pouco convencional. A posterior gravação, em 2006, parece ter sido um tanto tumultuada, mas o CD lançado em 2009 teve uma recepção muito positiva.
Tanta energia possibilitou que Cristina Ortiz pudesse conciliar a exigente carreira de solista à de camerista. Essa função é frequentemente negligenciada por outros concertistas, por exigir uma dedicação específica.
A boa música de câmera só é feita por músicos que se escutam muito bem, que compreendem a necessidade de respirarem juntos.
Com o violoncelista Antonio Meneses, ela gravou a integral da obra para piano e violoncelo de Villa-Lobos.
Outra colaboração importante foi com o Fine Arts Quartet, que rendeu os primorosos registros dos quintetos do belga César Franck (1822-1890) e do francês Gabriel Fauré (1845-1924).
O programa escolhido para o recital de Campos do Jordão é um reflexo da forma inteligente com que Cristina escolhe seu repertório.
Dedicado a Chopin (1810-1849), incluirá as quatro baladas e os quatro scherzzi, formando dois ciclos.
A forma fixa do scherzo contraposta à liberdade formal da balada deve encontrar um interessante ponto de equilíbrio. A conferir.


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