São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005 |
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TEATRO Cia. Os Satyros estréia amanhã peça de Dea Loher inspirada em histórias de personagens reais da praça Roosevelt Alemã reconhece a dor do centro de SP
VALMIR SANTOS Folha - Que especificidades vê nos dois espetáculos? Dea Loher - São tão diferentes quanto os desafios específicos que os diretores enfrentaram com seus grupos. Na Alemanha, Andréas sabia que a referência "real" [o lugar] estava muito longe e não sabia se o público iria rejeitar as pessoas e situações do texto ou se aceitaria a proposta de identificação que ofereceu (aceitaram!). Os atores alemães tentaram criar uma atmosfera de alta pressão, densa e dura para a vida interior dos personagens; tentaram assim legitimar a necessidade e a urgência de contar essa peça. A idéia era que a platéia, ao final, não saísse dizendo: "Gente, tais "freaks" existem no mundo". Mas sim: "Olha, é uma história sobre nós". E funcionou: a referência "real", geográfica, tornou-se referência real social que o público alemão conheceu e entendeu. Em São Paulo, o caminho é oposto; a preocupação é transcender ao aspecto local que o texto possa provocar, ou seja, seduzir o público a ver além do horizonte. Rodolfo tinha que criar uma distância, um estranhamento para abrir um novo espaço e uma possibilidade fresca de reconhecimento do cotidiano. Conseguiu fazer isso com alusões aos personagens de circo e usando uma estética tipo conto de fadas do avesso. Assim, ele usa a peça como uma alegoria, só que dentro dessa alegoria se fala de condições muito reais. É essa quebra, acho, que faz com que o público, vindo com a expectativa de ver mais uma história sobre personagens que já conhece (ou pensa que conhece), de repente se veja diante de um espelho que, através da distância e do estranhamento, se torna um meio de reconhecimento. Folha - Como foi "reencontrar" a
peça montada no local de origem? A Vida na Praça Roosevelt Quando: estréia amanhã, às 21h; sáb., às 21h, e dom., às 20h30; até 18/12 Onde: Espaço dos Satyros (pça. Franklin Roosevelt, 214, tel. 0/xx/11/3258-6345) Quanto: de R$ 5 (moradores) a R$ 20 Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Pedro Paulo Rangel sublima a palavra em monólogo carioca Índice |
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