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CDS
MPB
Cantor, que se apresenta em SP, lança "Canto em Qualquer Canto" e prepara DVD
Ney Matogrosso revisita seu repertório em disco de cordas
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Música marcante do período
em que Ney Matogrosso cantava
maquiado, seminu e dançando
sobre uma forte base rítmica,
"Bandolero" reaparece mais suave em seu novo CD, amparada
nos instrumentos de cordas que
sustentam as 14 faixas.
É um bom exemplo das várias
possibilidades que Ney gosta de
explorar em sua carreira. Significativamente intitulado "Canto em
Qualquer Canto", o disco que
chega às lojas na próxima semana
traz recriações de peças do repertório do cantor.
"Tudo foi feito com muito descompromisso, porque não era para ser isso [CD e, em setembro,
DVD]. Era só um especial de TV.
Como me deram liberdade, assumi como único compromisso o
prazer de cantar", conta ele.
O que começou como um convite do Canal Brasil para que ele se
acompanhasse apenas de um violão cresceu com uma contraproposta sua: por que não quatro?
Ney reuniu, então, o português
Pedro Jóia (violão e alaúde), Ricardo Silveira (guitarra e violão de
aço), Marcello Gonçalves (violão
de sete cordas) e Zé Paulo Becker
(violão e viola caipira), e apresentou um repertório para que eles
criassem arranjos.
Entraram músicas gravadas por
Ney em outras épocas e com outros formatos, como "Amendoim
Torradinho" (Henrique Beltrão),
"Bamboleô" (André Filho) e
"Tanto Amar" (Chico Buarque), e
novidades como "Já te Falei" (Arnaldo Antunes/Carlinhos
Brown/Marisa Monte/Davi Carvalho) e "Uma Canção por Acaso" (Pedro Jóia/Tiago Torres da
Silva).
"Como intérprete, eu me dou ao
luxo de vasculhar a música brasileira", diz ele, que em seus últimos
CDs passeou por obras distintas
como as de Pedro Luís, Villa-Lobos e Chico Buarque.
Foi no CD dedicado a este último ("Um Brasileiro", de 1996)
que Ney diz ter rompido de vez
com o esquema das grandes gravadoras e conquistado sua autonomia completa.
"Quando o disco ficou pronto,
estava o contrário do que eu tinha
idealizado. Aquilo me desagradou profundamente. Agora eu faço o que eu quero e entrego o trabalho pronto para a gravadora",
conta ele, que assina contratos
disco a disco com a multinacional
Universal.
Ney não contém a irritação ao
falar do momento político do
país, embora esclareça que jamais
conclamou o povo a ir às ruas
contra o governo Lula, como chegou a sair em um jornal.
"Sempre votei em Lula, e estou
frustrado, decepcionado. Esperava que fosse pelo menos um governo ético, honesto. O que vejo
de bom é que, pela primeira vez,
estamos tocando num núcleo de
políticos sórdidos da velha guarda, que vem da ditadura militar.
Mas, infelizmente, estamos tocando nessa gentalha à custa dos
nossos sonhos", diz o cantor.
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