São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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CDS

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Cantor, que se apresenta em SP, lança "Canto em Qualquer Canto" e prepara DVD

Ney Matogrosso revisita seu repertório em disco de cordas

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Música marcante do período em que Ney Matogrosso cantava maquiado, seminu e dançando sobre uma forte base rítmica, "Bandolero" reaparece mais suave em seu novo CD, amparada nos instrumentos de cordas que sustentam as 14 faixas.
É um bom exemplo das várias possibilidades que Ney gosta de explorar em sua carreira. Significativamente intitulado "Canto em Qualquer Canto", o disco que chega às lojas na próxima semana traz recriações de peças do repertório do cantor.
"Tudo foi feito com muito descompromisso, porque não era para ser isso [CD e, em setembro, DVD]. Era só um especial de TV. Como me deram liberdade, assumi como único compromisso o prazer de cantar", conta ele.
O que começou como um convite do Canal Brasil para que ele se acompanhasse apenas de um violão cresceu com uma contraproposta sua: por que não quatro?
Ney reuniu, então, o português Pedro Jóia (violão e alaúde), Ricardo Silveira (guitarra e violão de aço), Marcello Gonçalves (violão de sete cordas) e Zé Paulo Becker (violão e viola caipira), e apresentou um repertório para que eles criassem arranjos.
Entraram músicas gravadas por Ney em outras épocas e com outros formatos, como "Amendoim Torradinho" (Henrique Beltrão), "Bamboleô" (André Filho) e "Tanto Amar" (Chico Buarque), e novidades como "Já te Falei" (Arnaldo Antunes/Carlinhos Brown/Marisa Monte/Davi Carvalho) e "Uma Canção por Acaso" (Pedro Jóia/Tiago Torres da Silva).
"Como intérprete, eu me dou ao luxo de vasculhar a música brasileira", diz ele, que em seus últimos CDs passeou por obras distintas como as de Pedro Luís, Villa-Lobos e Chico Buarque.
Foi no CD dedicado a este último ("Um Brasileiro", de 1996) que Ney diz ter rompido de vez com o esquema das grandes gravadoras e conquistado sua autonomia completa.
"Quando o disco ficou pronto, estava o contrário do que eu tinha idealizado. Aquilo me desagradou profundamente. Agora eu faço o que eu quero e entrego o trabalho pronto para a gravadora", conta ele, que assina contratos disco a disco com a multinacional Universal.
Ney não contém a irritação ao falar do momento político do país, embora esclareça que jamais conclamou o povo a ir às ruas contra o governo Lula, como chegou a sair em um jornal.
"Sempre votei em Lula, e estou frustrado, decepcionado. Esperava que fosse pelo menos um governo ético, honesto. O que vejo de bom é que, pela primeira vez, estamos tocando num núcleo de políticos sórdidos da velha guarda, que vem da ditadura militar. Mas, infelizmente, estamos tocando nessa gentalha à custa dos nossos sonhos", diz o cantor.


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