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Da Bélgica, Glimmers trazem electro
e "popozuda" para o festival em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Human League dá um
cheiro de nostalgia à perna paulista do Nokia Trends, a dupla belga
The Glimmers transporta o evento de volta a este 2005.
Formada por Mo Becha e David
Fouqert, os Glimmers são da turma de Erol Alkan, Tiga, Headman, Optimo e Trevor Jackson:
em seus sets, há espaço para tudo,
de indie rock a tecno alemão. São
da mesma turma, também, dos
2ManyDJs. Não apenas isso: são
da mesma cidade: Ghent.
"A cidade onde vivemos é pequena, há 250 mil habitantes, então não há muitas opções de clubes. Mas, quando fazemos alguma festa, várias tribos aparecem",
disse Becha à Folha. "Há alguns
lugares bons, como o Culture
Club, e, além disso, as pessoas
sempre estão procurando novos
lugares para sair, em locais diferentes. Não é uma cena grande,
mas é boa. Em Antuérpia ou Bruxelas há vários clubes, mas não tocam música de que gosto; geralmente são casas comerciais."
Da mesma cidade, também
uma dupla, também com sets
ecléticos. Os Glimmers sempre
foram comparados ao 2ManyDJs,
mas há um detalhe importante:
Becha e Fouqert apareceram antes. "Conhecemos o 2ManyDJs há
bastante tempo. Eles abriram algumas portas. O tipo de música
que tocam é diferente do nosso,
mas o estilo de tocar é o mesmo. O
background deles é mais rock, enquanto o nosso é disco."
Assim como o 2ManyDJs, os
Glimmers tocam de forma rápida,
com os dois na cabine, mudando
as canções de forma inesperada.
Mas Becha é reticente quanto ao
tipo de música tocada pela outra
dupla -e até concorda com o superstar do tecno Dave Clarke, que
certa vez classificou o 2ManyDJs
de "Jive Bunny" da dance music,
em referência ao cartum que, nos
anos 90, fez sucesso nas rádios e
na MTV com um mix com canções dos anos 50.
"De certa forma, entendo o que
Dave falou. "Jive Bunny" nada
mais foi do que um punhado de
canções pop de certo período de
tempo mixadas juntas. O que o
2ManyDJs é mais ou menos isso:
pegam canções bem populares e
fazem as mixagens. Não deixa de
ser um megamix, mas é mais criativo do que "Jive Bunny"."
Popozuda
Os Glimmers estão no negócio
há mais de 15 anos, desde que Becha e Fouqert se conheceram na
escola. Eram fãs de rap. "Gostávamos bastante, principalmente, do
início do rap, coisas como "Wheel
of Steel", do Grandmaster Flash...
Depois passamos para electro, ficamos conhecendo a disco..."
Os dois foram crescendo, passaram a comprar discos juntos, para
economizar, e as referências foram aumentando: Afrika Bambaattaa, tecno, house.
"E na Bélgica houve um período
em que tivemos várias bandas industriais, como Front 242, A Split
Second, então aquilo também
exerceu grande influência em nós.
Depois veio o som de Chicago. Foi
como uma onda de novas experiências na Bélgica, se tornou bem
popular. Sempre fomos curiosos
em relação ao que está acontecendo na música."
Um dos últimos CD mixados
por eles, "The Glimmers", de
2004, é boa amostra do que há nos
sets da dupla. Há, até, "Popozuda
Rock and Roll", um funk dos gaúchos De Falla... "Um amigo foi ao
Brasil há alguns anos e voltou
com várias coisas legais, como DJ
Serginho. E outro amigo, que mora em Berlim, fez uma compilação
e me mandou. Gostamos tanto
que ainda tocamos essas canções", diz Becha. "Prefiro as música mais cruas. Hoje, na Europa, isso está virando moda, produtores
ingleses vão à América do Sul e
tentam fazer versões dessas músicas aqui. Como a M.I.A., que tem
uma canção, "Buck Done Gun",
em que ela pega vários trechos de
uma música do DJ Marlboro que
está em uma de minhas fitas. Mas
a de Marlboro é mais enérgica."
Os Glimmers são associados
ainda à banda Dirty Minds. "Chamamos amigos que vivem em
Ghent de bandas diferentes.
Quando temos tempo, fazemos
algumas jams."
(TN)
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