São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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Da Bélgica, Glimmers trazem electro e "popozuda" para o festival em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Human League dá um cheiro de nostalgia à perna paulista do Nokia Trends, a dupla belga The Glimmers transporta o evento de volta a este 2005.
Formada por Mo Becha e David Fouqert, os Glimmers são da turma de Erol Alkan, Tiga, Headman, Optimo e Trevor Jackson: em seus sets, há espaço para tudo, de indie rock a tecno alemão. São da mesma turma, também, dos 2ManyDJs. Não apenas isso: são da mesma cidade: Ghent.
"A cidade onde vivemos é pequena, há 250 mil habitantes, então não há muitas opções de clubes. Mas, quando fazemos alguma festa, várias tribos aparecem", disse Becha à Folha. "Há alguns lugares bons, como o Culture Club, e, além disso, as pessoas sempre estão procurando novos lugares para sair, em locais diferentes. Não é uma cena grande, mas é boa. Em Antuérpia ou Bruxelas há vários clubes, mas não tocam música de que gosto; geralmente são casas comerciais."
Da mesma cidade, também uma dupla, também com sets ecléticos. Os Glimmers sempre foram comparados ao 2ManyDJs, mas há um detalhe importante: Becha e Fouqert apareceram antes. "Conhecemos o 2ManyDJs há bastante tempo. Eles abriram algumas portas. O tipo de música que tocam é diferente do nosso, mas o estilo de tocar é o mesmo. O background deles é mais rock, enquanto o nosso é disco."
Assim como o 2ManyDJs, os Glimmers tocam de forma rápida, com os dois na cabine, mudando as canções de forma inesperada. Mas Becha é reticente quanto ao tipo de música tocada pela outra dupla -e até concorda com o superstar do tecno Dave Clarke, que certa vez classificou o 2ManyDJs de "Jive Bunny" da dance music, em referência ao cartum que, nos anos 90, fez sucesso nas rádios e na MTV com um mix com canções dos anos 50.
"De certa forma, entendo o que Dave falou. "Jive Bunny" nada mais foi do que um punhado de canções pop de certo período de tempo mixadas juntas. O que o 2ManyDJs é mais ou menos isso: pegam canções bem populares e fazem as mixagens. Não deixa de ser um megamix, mas é mais criativo do que "Jive Bunny"."

Popozuda
Os Glimmers estão no negócio há mais de 15 anos, desde que Becha e Fouqert se conheceram na escola. Eram fãs de rap. "Gostávamos bastante, principalmente, do início do rap, coisas como "Wheel of Steel", do Grandmaster Flash... Depois passamos para electro, ficamos conhecendo a disco..."
Os dois foram crescendo, passaram a comprar discos juntos, para economizar, e as referências foram aumentando: Afrika Bambaattaa, tecno, house.
"E na Bélgica houve um período em que tivemos várias bandas industriais, como Front 242, A Split Second, então aquilo também exerceu grande influência em nós. Depois veio o som de Chicago. Foi como uma onda de novas experiências na Bélgica, se tornou bem popular. Sempre fomos curiosos em relação ao que está acontecendo na música."
Um dos últimos CD mixados por eles, "The Glimmers", de 2004, é boa amostra do que há nos sets da dupla. Há, até, "Popozuda Rock and Roll", um funk dos gaúchos De Falla... "Um amigo foi ao Brasil há alguns anos e voltou com várias coisas legais, como DJ Serginho. E outro amigo, que mora em Berlim, fez uma compilação e me mandou. Gostamos tanto que ainda tocamos essas canções", diz Becha. "Prefiro as música mais cruas. Hoje, na Europa, isso está virando moda, produtores ingleses vão à América do Sul e tentam fazer versões dessas músicas aqui. Como a M.I.A., que tem uma canção, "Buck Done Gun", em que ela pega vários trechos de uma música do DJ Marlboro que está em uma de minhas fitas. Mas a de Marlboro é mais enérgica."
Os Glimmers são associados ainda à banda Dirty Minds. "Chamamos amigos que vivem em Ghent de bandas diferentes. Quando temos tempo, fazemos algumas jams." (TN)


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