|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"TRÊS VIDAS E UM DESTINO"
Burocracia toma conta em drama de época com Charlize Theron
THIAGO STIVALETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O drama de época é um gênero bem particular. Em geral, se apóia na suntuosidade da direção de arte e dos figurinos e
no charme dos atores para montar um pacote envolvente que
mistura reconstituição histórica e
tramas amorosas.
Esses elementos costumam funcionar como um bom verniz, mas
não sustentam um verdadeiro interesse. Quando há bom roteiro e
boa direção (caso de "O Paciente
Inglês"), o conteúdo sustenta a
beleza superficial. Mas, quando
esses componentes são capengas,
o espectador sai do cinema com a
sensação de que faltou algo.
É o caso deste "Três Vidas e Um
Destino". Gilda, uma fotógrafa rica e boêmia (Charlize Theron),
conhece Guy, um estudante irlandês (Stuart Townsend), na Londres dos anos 30. Reencontram-se
anos depois em Paris e conhecem
Mia (Penélope Cruz), uma enfermeira espanhola que trabalha como modelo nas horas vagas. Logo
formam um triângulo amoroso.
Com a eclosão da Guerra Civil
Espanhola, Guy e Mia, mais politizados, resolvem participar da
guerra, deixando a alienada Gilda
em Paris. Quando Guy volta à capital francesa durante a Segunda
Guerra, Gilda vive como amante
de um alto comandante nazista.
O roteiro aposta na sensualidade dos personagens e reserva uma
boa surpresa sobre o caráter de
Gilda, mas a direção é burocrática
e não produz nenhuma imagem
de impacto, mesmo com toda a
reconstituição de época.
O elenco também é irregular.
Charlize Theron carrega o filme
nas costas e prova que não ganhou um Oscar à toa. Penélope
Cruz está ali só para fazer figura. E
Townsend não tem carisma nem
talento para protagonista.
"Três Vidas e Um Destino" só
agrada a quem está em busca de
um filme bonito.
Três Vidas e Um Destino
Head in the Clouds
Direção: John Duigan
Produção: EUA/Inglaterra/Espanha/
Canadá, 2004
Com: Charlize Theron, Stuart Townsend
Quando: a partir de hoje nos cines Iguatemi, Kinoplex Itaim e circuito
Texto Anterior: "Um Dia sem Mexicanos": Comédia usa preconceito às avessas Próximo Texto: "Alila": Gitai ergue com fraturas um país sólido Índice
|