São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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"TRÊS VIDAS E UM DESTINO"

Burocracia toma conta em drama de época com Charlize Theron

THIAGO STIVALETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O drama de época é um gênero bem particular. Em geral, se apóia na suntuosidade da direção de arte e dos figurinos e no charme dos atores para montar um pacote envolvente que mistura reconstituição histórica e tramas amorosas.
Esses elementos costumam funcionar como um bom verniz, mas não sustentam um verdadeiro interesse. Quando há bom roteiro e boa direção (caso de "O Paciente Inglês"), o conteúdo sustenta a beleza superficial. Mas, quando esses componentes são capengas, o espectador sai do cinema com a sensação de que faltou algo.
É o caso deste "Três Vidas e Um Destino". Gilda, uma fotógrafa rica e boêmia (Charlize Theron), conhece Guy, um estudante irlandês (Stuart Townsend), na Londres dos anos 30. Reencontram-se anos depois em Paris e conhecem Mia (Penélope Cruz), uma enfermeira espanhola que trabalha como modelo nas horas vagas. Logo formam um triângulo amoroso.
Com a eclosão da Guerra Civil Espanhola, Guy e Mia, mais politizados, resolvem participar da guerra, deixando a alienada Gilda em Paris. Quando Guy volta à capital francesa durante a Segunda Guerra, Gilda vive como amante de um alto comandante nazista.
O roteiro aposta na sensualidade dos personagens e reserva uma boa surpresa sobre o caráter de Gilda, mas a direção é burocrática e não produz nenhuma imagem de impacto, mesmo com toda a reconstituição de época.
O elenco também é irregular. Charlize Theron carrega o filme nas costas e prova que não ganhou um Oscar à toa. Penélope Cruz está ali só para fazer figura. E Townsend não tem carisma nem talento para protagonista.
"Três Vidas e Um Destino" só agrada a quem está em busca de um filme bonito.


Três Vidas e Um Destino
Head in the Clouds
  
Direção: John Duigan
Produção: EUA/Inglaterra/Espanha/ Canadá, 2004
Com: Charlize Theron, Stuart Townsend
Quando: a partir de hoje nos cines Iguatemi, Kinoplex Itaim e circuito


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