São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Período refere-se a apenas 5% da vida adulta do escritor, diz Fernando Morais

DA REPORTAGEM LOCAL

O jornalista e escritor Fernando Morais ("Olga" e "Chatô"), autor da tão esperada biografia oficial de Paulo Coelho, diz não se incomodar com o fato de o livro de Hérica Marmo ter se adiantado ao seu.
"Assunto é como passarinho, quem pegar primeiro é o dono. E não seria elegante reclamar", diz Morais, que deveria ter entregue os originais de "O Mago" à editora Planeta no dia 30 de maio. Mas atrasou e está trabalhando 16 horas diárias para terminar até fim de setembro.
"Estou limando muita coisa já escrita para tentar fazer caber no livro, com elegância, a cordilheira de dados que acumulei nesses dois anos e meio de trabalho. É preciso entender que este não é um "instant book", não é um livro-reportagem. É uma biografia, e não se faz uma biografia como se faz uma pizza."
Morais estima que o período "roqueiro" de Coelho, coberto em "A Canção do Mago", corresponde a apenas 5% da vida adulta do escritor. Segundo o biógrafo, se questionado sobre o peso daquele período em sua trajetória, o Mago diria que é zero. Coelho, na realidade, considera o período "importantíssimo" (leia acima).
"Ele nunca quis ser músico, como antes não quisera ser dramaturgo. O que sempre quis, desde que vestiu a primeira cueca, era ser o que é hoje: um escritor lido em todo o mundo. Porque Paulo nunca sonhou em ser apenas um escritor de sucesso", afirma o biógrafo. "Ele deixou abundantes registros escritos e gravados de que tinha um único, solitário sonho, o de ser um escritor lido em todo o mundo."
Morais ressalva, no entanto, que o período roqueiro é muito rico e importante para entender Paulo Coelho.
"Sobretudo porque coincide com a apostasia de Paulo em relação ao Satanismo e o começo de sua reconversão à fé cristã. Estes, sim, fatos que o marcariam para sempre. Como a vida do Paulo está dividida, pelo menos na minha cabeça, em antes e depois de 1982 [ano em que ele editou "Arquivos do Inferno", seu primeiro livro], eu posso dizer que a parceria dele com o Raul é um período muito importante da primeira metade."

Revelações
Em entrevista à Folha em maio, Paulo Coelho havia dito que sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica, estaria "um pouco assustada" com as eventuais revelações do livro. Fernando Morais diz que se assustou com muito do que descobriu.
"Como sou um típico brasileiro de classe média, ouso imaginar que o leitor se emocionará e se espantará com fatos, personagens ou episódios que me emocionam e espantam", diz Morais. (ES e RC)


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