|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Período refere-se a apenas 5% da vida adulta do escritor, diz Fernando Morais
DA REPORTAGEM LOCAL
O jornalista e escritor Fernando Morais ("Olga" e "Chatô"), autor da tão esperada biografia oficial de Paulo Coelho,
diz não se incomodar com o fato de o livro de Hérica Marmo
ter se adiantado ao seu.
"Assunto é como passarinho,
quem pegar primeiro é o dono.
E não seria elegante reclamar",
diz Morais, que deveria ter entregue os originais de "O Mago"
à editora Planeta no dia 30 de
maio. Mas atrasou e está trabalhando 16 horas diárias para
terminar até fim de setembro.
"Estou limando muita coisa
já escrita para tentar fazer caber no livro, com elegância, a
cordilheira de dados que acumulei nesses dois anos e meio
de trabalho. É preciso entender
que este não é um "instant
book", não é um livro-reportagem. É uma biografia, e não se
faz uma biografia como se faz
uma pizza."
Morais estima que o período
"roqueiro" de Coelho, coberto
em "A Canção do Mago", corresponde a apenas 5% da vida
adulta do escritor. Segundo o
biógrafo, se questionado sobre
o peso daquele período em sua
trajetória, o Mago diria que é
zero. Coelho, na realidade, considera o período "importantíssimo" (leia acima).
"Ele nunca quis ser músico,
como antes não quisera ser dramaturgo. O que sempre quis,
desde que vestiu a primeira
cueca, era ser o que é hoje: um
escritor lido em todo o mundo.
Porque Paulo nunca sonhou
em ser apenas um escritor de
sucesso", afirma o biógrafo.
"Ele deixou abundantes registros escritos e gravados de que
tinha um único, solitário sonho, o de ser um escritor lido
em todo o mundo."
Morais ressalva, no entanto,
que o período roqueiro é muito
rico e importante para entender Paulo Coelho.
"Sobretudo porque coincide
com a apostasia de Paulo em relação ao Satanismo e o começo
de sua reconversão à fé cristã.
Estes, sim, fatos que o marcariam para sempre. Como a vida
do Paulo está dividida, pelo menos na minha cabeça, em antes
e depois de 1982 [ano em que
ele editou "Arquivos do Inferno", seu primeiro livro], eu posso dizer que a parceria dele com
o Raul é um período muito importante da primeira metade."
Revelações
Em entrevista à Folha em
maio, Paulo Coelho havia dito
que sua mulher, a artista plástica Christina Oiticica, estaria
"um pouco assustada" com as
eventuais revelações do livro.
Fernando Morais diz que se assustou com muito do que descobriu.
"Como sou um típico brasileiro de classe média, ouso imaginar que o leitor se emocionará e se espantará com fatos, personagens ou episódios que
me emocionam e espantam",
diz Morais.
(ES e RC)
Texto Anterior: Trecho Próximo Texto: Cultura de SP segue preço de países ricos Índice
|