São Paulo, domingo, 19 de agosto de 2007

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Crítica

Astros musicais atuam ou são tema em série de lançamentos

"O Homem que Caiu na Terra" e "Sid & Nancy" são algumas das novidades nas lojas

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde que o cinema ganhou som, com "O Cantor de Jazz" (1927), estava dada a senha para que o mundo da música virasse um importante personagem das telas. Logo, os astros da música encontravam nos filmes uma possibilidade de estender sua zona de influência.
Uma série de lançamentos recentes de DVDs permite ver como esse intercâmbio é possível no cinema contemporâneo (veja quadro ao lado).
Os astros do rock, em particular, estão acostumados a performances, o que não significa necessariamente que sejam bons atores. Em "O Homem que Caiu na Terra" (1976), o cantor inglês David Bowie faz sua estréia em um papel principal. Ele interpreta o alienígena que chega à Terra em busca de uma solução para o problema de falta de água de seu planeta, mas não consegue voltar.
Mais do que pela interpretação, Bowie segura bem o filme pela sua imagem exótica, em plena sintonia com o espírito enigmático da produção, que nega uma narrativa tradicional -pulos no tempo e cortes radicais marcam o longa, que tenta reproduzir a mente confusa de um alienígena. O próprio cantor já vinha cultivando essa imagem de ET em sua carreira.
Astros da música também atuam em "Sobre Café e Cigarros" (2003), divertida produção do megacult Jim Jarmusch. São 11 esquetes que conversam entre si, onde as "tramas" versam sobre o nada. Em cada história, dois ou três personagens conversam sobre assuntos triviais que esbarram em coincidências ou desentendimentos, regados aos cafés e cigarros do título. O mais hilário episódio é, de longe, o estrelado por Iggy Pop e Tom Waits. Eles interpretam a si mesmos, mas adquirem características fictícias. Iggy fica embasbacado ao saber que Waits é, na verdade, um médico, que acabou de executar uma traqueostomia, durante um acidente na estrada.

Sid Vicious e Bob Dylan
Há, também, o subgênero das cinebiografias dedicadas a astros da música. Em termos de qualidade cinematográfica, dificilmente roteiristas e diretores conseguem injetar algo que fuja do puramente laudatório. Por isso mesmo, a escolha de um bom personagem -e um bom ator para representá-lo- já é meio caminho andado.
"Sid & Nancy" (1986), de Alex Cox, pega o integrante do Sex Pistols que mal sabia tocar seu instrumento (baixo) e se tornou o principal ícone punk. Gary Oldman, ator acostumado a papéis pouco convencionais, empresta credibilidade física a Sid Vicious. O filme, que foca o relacionamento conturbado com a groupie Nancy Spungen, traz também a primeira aparição de Courtney Love no cinema, em uma ponta.
Quem segue a mesma linha de novelão trágico é "Uma Garota Irresistível", que aborda a musa do artista plástico Andy Warhol, Edie Sedgwick (Sienna Miller). Circulando na mítica Nova York dos anos 60 e no estúdio Factory, a personagem encontra o Velvet Undergound e se envolve com um cantor folk, obviamente inspirado em Bob Dylan.


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