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Crítica
Astros musicais atuam ou são tema em série de lançamentos
"O Homem que Caiu na Terra" e "Sid & Nancy" são algumas das novidades nas lojas
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde que o cinema ganhou som, com "O
Cantor de Jazz"
(1927), estava dada a senha para que o mundo da música virasse um importante personagem das telas. Logo, os astros da música encontravam nos filmes uma possibilidade de estender sua zona de influência.
Uma série de lançamentos
recentes de DVDs permite ver
como esse intercâmbio é possível no cinema contemporâneo
(veja quadro ao lado).
Os astros do rock, em particular, estão acostumados a performances, o que não significa
necessariamente que sejam
bons atores. Em "O Homem
que Caiu na Terra" (1976), o
cantor inglês David Bowie faz
sua estréia em um papel principal. Ele interpreta o alienígena
que chega à Terra em busca de
uma solução para o problema
de falta de água de seu planeta,
mas não consegue voltar.
Mais do que pela interpretação, Bowie segura bem o filme
pela sua imagem exótica, em
plena sintonia com o espírito
enigmático da produção, que
nega uma narrativa tradicional
-pulos no tempo e cortes radicais marcam o longa, que tenta
reproduzir a mente confusa de
um alienígena. O próprio cantor já vinha cultivando essa
imagem de ET em sua carreira.
Astros da música também
atuam em "Sobre Café e Cigarros" (2003), divertida produção do megacult Jim Jarmusch.
São 11 esquetes que conversam
entre si, onde as "tramas" versam sobre o nada. Em cada história, dois ou três personagens
conversam sobre assuntos triviais que esbarram em coincidências ou desentendimentos,
regados aos cafés e cigarros do
título. O mais hilário episódio é,
de longe, o estrelado por Iggy
Pop e Tom Waits. Eles interpretam a si mesmos, mas adquirem características fictícias.
Iggy fica embasbacado ao saber
que Waits é, na verdade, um
médico, que acabou de executar uma traqueostomia, durante um acidente na estrada.
Sid Vicious e Bob Dylan
Há, também, o subgênero das
cinebiografias dedicadas a astros da música. Em termos de
qualidade cinematográfica, dificilmente roteiristas e diretores conseguem injetar algo que
fuja do puramente laudatório.
Por isso mesmo, a escolha de
um bom personagem -e um
bom ator para representá-lo-
já é meio caminho andado.
"Sid & Nancy" (1986), de Alex
Cox, pega o integrante do Sex
Pistols que mal sabia tocar seu
instrumento (baixo) e se tornou o principal ícone punk.
Gary Oldman, ator acostumado
a papéis pouco convencionais,
empresta credibilidade física a
Sid Vicious. O filme, que foca o
relacionamento conturbado
com a groupie Nancy Spungen,
traz também a primeira aparição de Courtney Love no cinema, em uma ponta.
Quem segue a mesma linha
de novelão trágico é "Uma Garota Irresistível", que aborda a
musa do artista plástico Andy
Warhol, Edie Sedgwick (Sienna
Miller). Circulando na mítica
Nova York dos anos 60 e no estúdio Factory, a personagem
encontra o Velvet Undergound
e se envolve com um cantor
folk, obviamente inspirado em
Bob Dylan.
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