São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2001

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ANÁLISE

Discurso de supremacia é evocado

DO ENVIADO AO RIO

Num contrapé de análise, alguns pesquisadores cariocas presentes no seminário trouxeram um discurso autocentrado sobre o lugar ocupado pelo Rio na MPB.
"A sociedade brasileira se adestrou para viver o que se vivia na então capital federal. Ainda hoje é difícil ignorar essa vocação colonialista ou civilizatória do Rio", afirmou a socióloga Maria Alice de Carvalho (Iuperj).
Mais tarde, Beatriz Rezende (teoria literária, UFRJ) focou artistas contemporâneos, mas entre frases como "Omelete Man" não é muito bom porque Carlinhos Brown gravou tudo no Brasil" ou "os Racionais MC's arranjaram emprego na MTV e começaram a ser devorados por quem os criou".
Após deformar a postura dos Racionais, erigida à margem da mídia, concluiu dando status de música-símbolo a "São Paulo SP", em que a "patricinha" (termo de Beatriz) carioca Fernanda Abreu descreve São Paulo para o Brasil. Seu discurso se casava, ali, ao de Maria Alice, do entendimento do Rio como "adestrador" musical de nacionalidade.
O perigo de ignorar a reordenação geográfica e a desterritorialização que avançam sobre o Brasil (e, claro, sobre o mundo) foi mantido longe do debate. E discursos de supremacia faziam lembrar os Estados Unidos, que "descobriam", na mesma semana, que o "outro" é o inimigo, seja lá quem for esse tal de "outro". (PAS)



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