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"O Rappa redesenha masculinidade"
DO ENVIADO AO RIO
Ainda em registro de análise do
Brasil contemporâneo, o antropólogo carioca Luiz Eduardo Soares tomou como temas a violência
e o caso do grupo carioca O Rappa, vítima concreta da violência
na figura de seu líder Marcelo Yuka, baleado durante um assalto no
ano passado, no Rio de Janeiro.
Ex-coordenador de Segurança
Pública do Rio (de onde saiu sob
ameaças de morte ao denunciar a
banda podre da polícia local) e
hoje consultor da Prefeitura de
Porto Alegre (RS), Soares definiu
os integrantes da banda como "etnógrafos do contemporâneo", redefinindo um mundo em que "o
menino pobre negro era quase
um ser invisível nas cidades".
"Quando esse menino recebe
uma arma do tráfico pode restituir sua visibilidade, receber de
volta sua existência, num processo destrutivo e autodestrutivo.
Vai morrer antes dos 25 anos de
idade, provavelmente", afirmou.
Daí à diferença trazida pelo
Rappa: "Eles captam o tema da
invisibilidade e suas ambivalências. "Paz sem voz não é paz, é medo", ou "eu não sei mentir direito",
dizem no disco "Lado B Lado A'".
Fez a ponte, enfim: "Os meninos querem sempre entrar no alvo do desejo das meninas. Se o padrão para elas é o macho viril e
violento, esse será o modelo. Uma
forma preciosa de desarmar essa
bomba é a alteração do destino do
objeto de desejo das meninas. O
Rappa cumpre um papel importante nesse redesenho, trabalhando com ONGs ou afirmando um
outro tipo de masculinidade, de
ambiguidade e dualidade".
(PAS)
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