São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2001

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"O Rappa redesenha masculinidade"

DO ENVIADO AO RIO

Ainda em registro de análise do Brasil contemporâneo, o antropólogo carioca Luiz Eduardo Soares tomou como temas a violência e o caso do grupo carioca O Rappa, vítima concreta da violência na figura de seu líder Marcelo Yuka, baleado durante um assalto no ano passado, no Rio de Janeiro.
Ex-coordenador de Segurança Pública do Rio (de onde saiu sob ameaças de morte ao denunciar a banda podre da polícia local) e hoje consultor da Prefeitura de Porto Alegre (RS), Soares definiu os integrantes da banda como "etnógrafos do contemporâneo", redefinindo um mundo em que "o menino pobre negro era quase um ser invisível nas cidades".
"Quando esse menino recebe uma arma do tráfico pode restituir sua visibilidade, receber de volta sua existência, num processo destrutivo e autodestrutivo. Vai morrer antes dos 25 anos de idade, provavelmente", afirmou.
Daí à diferença trazida pelo Rappa: "Eles captam o tema da invisibilidade e suas ambivalências. "Paz sem voz não é paz, é medo", ou "eu não sei mentir direito", dizem no disco "Lado B Lado A'".
Fez a ponte, enfim: "Os meninos querem sempre entrar no alvo do desejo das meninas. Se o padrão para elas é o macho viril e violento, esse será o modelo. Uma forma preciosa de desarmar essa bomba é a alteração do destino do objeto de desejo das meninas. O Rappa cumpre um papel importante nesse redesenho, trabalhando com ONGs ou afirmando um outro tipo de masculinidade, de ambiguidade e dualidade". (PAS)


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