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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003
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ERIKA PALOMINO BRASIL EM NY, CULTURA NEGRA E CELEBRIDADES
Nesta semana de desfiles em
Nova York nunca se falou tanto do Brasil. Não se trata de
oba-oba nacionalista, mas as
referências ao país aparecem
mesmo aqui e ali. Sem falar na
inspiração da brilhante coleção
de Narciso Rodriguez e no
trem de fashionistas made in
Brazil que tomou conta das
primeiras filas, a maior comitiva já vista nos dez anos da temporada nova-iorquina. O principal momento ficou com a
elogiada apresentação de verão
da Rosa Chá, que contou com
um bom trabalho de PR (relações-públicas), levando a principal estrela da cultura americana hoje, a cantora Beyoncé,
ao lado de Jay-Z e um elenco de
celebridades que deixou os fotógrafos nervosos. Completaram a lista o ator Cuba Gooding Junior, Wyclef Jean (Fugees), Toni Braxton e a top maquiadora Pat McGrath. Na passarela, como estrela, Naomi
Campbell, cuja empresa, a NC
Connect, promoveu o desfile.
Informalmente, foi uma intensa celebração também da cultura negra na cidade, com todos esses astros dando show de
star system. É preciso lembrar
que, como o design de moda
em Nova York não é lá a oitava
maravilha, mídia fashion e off-fashion contam com isso para
atrair a atenção do público. A
julgar Madonna e Missy Elliot
na Gap; Jennifer Lopez na
Louis Vuitton... Vivemos, como batizou Anna Wintour, da
"Vogue" América, a era das celebridades. A colunista Erika Palomino viajou a convite da Rosa Chá Hoje o DJ americano Diz Washington, do selo Classic Records, toca no D-Edge, e o alemão Frank Muller é o convidado do Lov.e; os clubinhos também são boa opção: no ampgalaxy tem a noite Ciao Bella com som do Anvil FX; na Funhouse tem a Revolution, com Lúcio Ribeiro, e no Pix tocam Ana Flavia e Paula. Sábado tem mais uma Horny Bunny, no centrão (r. 7 de Abril, 425) com George Actv e show do projeto Multiplex. No ampgalaxy tem a noite discopunk com Bispo e Edu Corelli. Doming tem a Splash Party no Wet'n'Wild rolando o dia todo com André Fischer e Glaucia ++, entre outros. O top DJ John 00 Fleming é o convidado especial do Manga Rosa, e Pil Marques toca no Ibiza BRASILEIRO DESENHA A CALVIN KLEIN Um dos pilares da invasão brasileira desta estação é a estréia de Francisco Costa na Calvin Klein, no lugar do próprio Calvin Klein, que após mudanças no business da marca responde agora apenas como consultor. O batismo -de fogo, praticamente- se deu na ensolarada tarde de terça-feira, no concorridérrimo desfile no Milk Studios, com o próprio Calvin presente. "Um brasileiro na Calvin Klein é como misturar sexo com sexo", ele declarou no backstage, numa coletiva. Costa havia trabalhado antes na equipe da Gucci e assumiu com a responsabilidade de preservar o estilo do mago americano, e ao mesmo tempo evoluir. Obteve sucesso -em parte. Mantendo as cores neutras que são o estilo da marca, o designer liberou o minimalismo explícito, é verdade, mas o styling aproximou demais a nova elegância CK do estilo Prada da última coleção. É previsível que os críticos de moda americanos tenham sido bem rigorosos com Costa, mas ele demonstra ter condição de realizar um sólido trabalho. A ovação recebida após o desfile é a prova da confiança do mercado de moda no brasileiro. MODELOS FAZEM BONITO NA PASSARELA Modelos brasileiras fizeram bonito no verão 2004 de NY. Gisele abriu o desfile de Marc Jacobs, e Isabelli Fontana -em ótima forma- apareceu nas melhores passarelas da cidade. Marcelle Bittar foi outro nome, seguida de Ana Beatriz Barros, Raquel Zimmerman e Leticia Birkhauer, que abriu a Rosa Chá e está tipo incrível na nova "Pop". Revelações da estação: Bruna Erhardt, que foi exclusiva de Calvin Klein, e a novata Cristiane, na mesma marca. palomino@uol.com.br www.erikapalomino.com.br BRASIL NA MODA: DNA OU DESEJO A paixão pela cultura brasileira é a tônica do trabalho de Narciso Rodriguez. E se o ponto de partida era Marisa Monte, o que chegou à passarela foi uma verdadeira festa de sentidos, ao som do batuque do hip hop roots de Carlinhos Brown. Rodriguez desenhou como nunca os quadris das modelos, revelando barriguinhas e ressaltando o bumbum, como o estilista deve estar vendo em suas recentes viagens ao Rio. A intensa sensualidade do corpo brasileiro fez evoluir seu estilo conciso e frio, que só teve a ganhar. Brasileiro de nascimento focando no cenário nova-iorquino, Carlos Miele trouxe Fernanda Porto ao vivo, cantando e tocando na passarela, com um grupo de percussionistas. Em sua terceira estação na cidade, ele se ressente da força vista nas primeiras participações. Seus principais resultados se dão nos vestidos estampados -evolução do trabalho elogiado da última estação-, fotos do jornalista Michael Roberts retrabalhadas por ele digitalmente (sem o frescor anterior). Há clara intenção de atingir o gosto da mídia de moda local, e isso até serviu para a lapidação da linguagem de Miele, principalmente no uso dos materiais e looks para o dia. O estilista não chegou a perder terreno, mas também não avançou. UM OLHAR INTELECTUAL E COOL Você entra numa ruazinha entre a Broadway e a Lafayette, entra como quem não quer nada e começa a ver a arara. Gosta, vai olhar a marca e... Erica Ikezilli. Outra passada entre os cabides e... Simone Nunes, Fabia Bercksek, Neon, Eduardo Inagaki... Assim é a Opening Ceremony, que chega a ter tem um segundo andar somente para Alexandre Herchcovitch e Lorenzo Merlino (efetivamente quem descobriu a loja, em 2002). O comprador, Humberto Leon, vem sempre ao Brasil para acompanhar os desfiles. "Compramos o que é mais diferenciado", diz. NOTÍCIA TRISTE PARA A MODA BRASILEIRA Em meio aos desfiles de Nova York, a notícia da morte de Andrea Carta. Sua vontade realizadora, seu espírito romântico, a sedução e a paixão pela moda e pela beleza presentes em todos os momentos marcaram a construção da cultura brasileira até aqui. Esta coluna manifesta respeito e imenso pesar diante desse triste acontecimento. Texto Anterior: Radio JXL: A Broadcast from the Computer Hell Cabin Próximo Texto: Teatro: Moscovitas do Ermitage levam Dostoiévski à farsa Índice |
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