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crítica
Virtuosismo quase estraga disco criativo
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Tente se lembrar de
todas as canções a
capela que você já
ouviu, e deixar de lado o
preconceito de que se trata de gênero kitsch, e você
conseguirá um entendimento sobre o tal "buraco
musical" ao qual Camille
se refere em "Music Hole".
Se, no mundo "alternativo", o experimental "Medúlla" (2004), de Björk, é a
referência, a francesa desbrava espaço onde entram
doses de admirável inventividade que competem
com um deslumbre sobre
a própria técnica e põe o
disco quase a se perder na
vala dos virtuoses.
Usar apenas a voz é uma
volta ao básico, a antítese
do pop que reverencia os
eletrônicos, e Camille se
sai bem quando é uma espécie de DJ de si mesma,
como em "Home Is Where
It Hurts", uma versão modernizada do brasileiro
Barbatuques. E, quando é
irônica, como na dançante
"Money Note", consegue
ver o ridículo dessa obsessão pela técnica. Já na audição de "Cats and Dogs" e
seus "miaus" e "au-aus", e
de uma suingante Camille
imitando uma cuíca em
"Canards Sauvages", a
vontade é tampar o próprio ouvido e a boca alheia.
Avaliação: bom
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