São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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crítica

Virtuosismo quase estraga disco criativo

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Tente se lembrar de todas as canções a capela que você já ouviu, e deixar de lado o preconceito de que se trata de gênero kitsch, e você conseguirá um entendimento sobre o tal "buraco musical" ao qual Camille se refere em "Music Hole".
Se, no mundo "alternativo", o experimental "Medúlla" (2004), de Björk, é a referência, a francesa desbrava espaço onde entram doses de admirável inventividade que competem com um deslumbre sobre a própria técnica e põe o disco quase a se perder na vala dos virtuoses.
Usar apenas a voz é uma volta ao básico, a antítese do pop que reverencia os eletrônicos, e Camille se sai bem quando é uma espécie de DJ de si mesma, como em "Home Is Where It Hurts", uma versão modernizada do brasileiro Barbatuques. E, quando é irônica, como na dançante "Money Note", consegue ver o ridículo dessa obsessão pela técnica. Já na audição de "Cats and Dogs" e seus "miaus" e "au-aus", e de uma suingante Camille imitando uma cuíca em "Canards Sauvages", a vontade é tampar o próprio ouvido e a boca alheia.

Avaliação: bom



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