São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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OPINIÃO

Com o tempo, dançarina virou figura melancólica e deprimente


VÊ-LA HOJE É INCÔMODO. O QUE DEPRIME É O DISCURSO DESESPERADO


NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

Quem foi menina nos anos 80 já brincou de Gretchen. Por mais que os pais fossem contra, ninguém resistia a imitar o rebolado da "cantora" em "Conga Conga Conga" e "Melô do Piripipi".
A brincadeira de Gretchen era inocente. Hoje, é triste ver a figura melancólica em que ela se transformou.
Como outras "famosas" só pela gostosura, Gretchen seguiu um circuito comum: foi famosa, posou nua, fez pornô, virou evangélica e optou pela política. Tudo da forma mais melancólica possível.
"Gretchen Filme Estrada" mostra-a apresentando-se em circos onde o ingresso custa R$ 2. Enquanto isso, ela se enreda em uma surreal campanha política para ser prefeita da Ilha de Itamaracá.
Para bancar a campanha e o sustento dos filhos, roda o país fazendo os tais shows, nos quais pouco mudou.
A coreografia é a mesma. As músicas também. O figurino, bem, talvez tenha sido adaptado à passagem do tempo, que a fez ganhar peso e rugas, que não tem boca de botox que disfarce. A cantora fez dez lipos e trocou a prótese de silicone cinco vezes. Realmente, é um sacrifício fazer do corpo ganha pão.
Para quem brincava de Gretchen, vê-la hoje é incômodo. O que deprime é sobretudo o discurso desesperado. Ela usa o nome da fama, diz que foi "enviada por Jesus para ser prefeita", mostra-se frágil, cai no choro quando percebe que não vai ganhar a eleição e se confessa cansada do personagem.
A sensação é de alívio. Ainda bem que a gente não virou a Gretchen e rebolar "Conga la conga" não passou de brincadeira inocente. Ufa!


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