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LIVROS/LANÇAMENTOS
MERCADO EDITORIAL
Coleção de pequenas biografias que foi grande sucesso nos anos 80 ganha reedições e novos títulos
Brasiliense retoma seu "Encanto Radical"
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
No início dos anos 80, uma editora então quarentona operou
uma das grandes transformações
já vistas no mercado de livros brasileiro. Nos três primeiros anos da
década, a Brasiliense lançou mais
títulos do que já publicara desde
sua fundação, em 1943, e de editora discreta, nos anos 60, passou ao
posto de uma das casas mais influentes do mercado.
Na próxima semana, um dos
personagens centrais desse
"boom" sai do esquecimento ao
qual estava condenado há mais de
15 anos e volta às prateleiras.
A coleção "Encanto Radical",
série de livretos biográficos de
grandes personalidades da história, está sendo reeditada.
Encostada desde 1987, por decisão do diretor da Brasiliense, Caio
Graco Prado, filho do fundador
Caio Prado Jr., a coleção chegou a
ter mais de 80 títulos.
A ressurreição de "Encanto Radical" começa com três biografias
do mesmo autor, o sociólogo argentino Horacio González. Seus
livros sobre Karl Marx, Albert Camus e Evita Perón já estão a caminho das livrarias, com o novo projeto gráfico da série.
"A grande diferença entre esses
personagens que estamos relançando mostra o ecletismo da coleção", diz Yolanda Prado, a Danda,
atual diretora da Brasiliense.
Segundo ela, o "Encanto Radical" que dá nome à série não fazia
referência necessariamente a personagens "radicais". "O que deveria haver sim era um encanto radical entre o biógrafo e o biografado", conta.
"Pai" da coleção, o editor Luiz
Schwarcz, hoje dono da Companhia das Letras, diz que o outro
sentido de "Encanto Radical"
também valia. "A idéia era fazer
minibiografias desempoeiradas,
com cara nova, de transgressão. A
Brasiliense tinha cara de transgressão", lembra.
Segundo ele, a série foi criada
como "continuação charmosa do
sucesso da "Primeiros Passos'",
diz em referência à coleção de livretos igualmente de bolso com
títulos como "O que É Ideologia"
(de Marilena Chauí), "O que É Religião" (de Rubem Alves) etc.
A série, que terá seu 315º título
lançado no dia 29 ("O que É a
Bioética", de Debora Diniz e Dirce
Guilhem), foi uma das únicas publicações constantes da Brasiliense nos últimos anos. "Passamos
por momentos difíceis, mas a despeito de boatos de que quebramos ou de que nos vendemos, seguimos em frente e estamos nos
reerguendo", diz Danda Prado.
"Encanto Radical", uma das esperanças da casa que publica
Monteiro Lobato (obras que os
herdeiros do autor têm tentado tirar da Brasiliense), seguirá com
mais títulos ainda este ano.
Segundo a editora, devem ser
reeditadas biografias como "Jesus", do escritor Paulo Leminski,
e "Barão de Itararé", do professor
de filosofia Leandro Konder, entre outros. Títulos novos, sobre
Buda e Eleanor Roosevelt, também estão programados.
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