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Mônica Bergamo
@ - bergamo@folhasp.com.br
DORI CAYMMI
Matuiti Mayezo/Folha Imagem
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Dori Caymmi, 63 anos, que fará três shows na capital paulista |
"Paulo César é o que me resta"
Há 16 anos morando em Los
Angeles, Dori Caymmi, 63, está
no Brasil para shows, três deles
nos dias 26, 27 e 28, no teatro
Fecap. Dori, que vai comemorar nos shows a parceria de 37
anos com o músico Paulo César
Pinheiro, dispara: "Fui informado do CD do Caetano, que é
mais rock, e, já sem ouvir, sou
contra". Ele estava na casa da
família em Pequeri (MG), com
o pai, Dorival Caymmi, quando
falou à coluna.
FOLHA - Como o senhor vê a cultura brasileira?
DORI CAYMMI - O que me entristece no Brasil é essa perda da
nacionalidade, com ritmos e
imitações americanas, como
rap, reggae, funk.
FOLHA - Não são manifestações
positivas?
DORI - Não, isso é comodismo.
Isso tudo é expressão da cultura afro-americana e afro-jamaicana. O próprio ministro da
Cultura [Gilberto Gil] é um
apologista do Bob Marley. Dizer que isso é cultura brasileira
é um problema sério. É omissão.
FOLHA - O que é cultura brasileira?
DORI - Vejo cultura brasileira
nesses 500 anos nossos. É o folclore, a influência dos portugueses e holandeses, whatever.
É o que o africano fez na Bahia:
o afoxé, a capoeira, o samba de
roda. Nós todos temos influências, mas é preciso aplicar uma
dose de Brasil.
FOLHA - O que o senhor acha da
produção brasileira hoje? Caetano
Veloso e Chico Buarque, por exemplo, que acabam de lançar CDs.
DORI - Fui informado do CD do
Caetano, que é mais rock, e, já
sem ouvir, eu sou contra. Ele é
uma das pessoas que eu mais
gosto. Mas é polêmico, porque
gosta de fazer esse tipo de coisa.
Prefiro lembrar do Caetano pelas coisas que ele já fez, e não
pelas coisas que ele pretende
fazer pra mídia. Transformar
rock'n roll em cultura e chamar
de brasileira, me cansa a beleza.
Sabe, o Paulo César Pinheiro é
o que me resta neste país. Ele é
uma espécie de muleta para suportar esse empobrecimento
cultural e essa tentativa burra
de globalização musical.
FOLHA - Então, o senhor avalia mal
a produção musical do Brasil?
DORI - Eu tenho fama de pegar
pesado com a cultura do Brasil.
Mas já disse e repito: o presidente gosta de Zezé Di Camargo & Luciano, o ministro da
Cultura gosta de Bob Marley,
ou seja, a música do Brasil não
deve ir bem, entende? As pessoas devem me achar um arrogante, mas eu convivi com a geração do meu pai, Tom Jobim,
João Gilberto. E agora está difícil formar uma nova geração de
brasileiros brasileiros.
FOLHA - Há algum nome?
DORI - A resposta da minha geração está dada pelo Chico
Buarque. Os shows estavam esgotados em SP e o preço não era
popular, não. Ele não faz show
em Sesc da vida. Estava num lugar grande, cobrando uma fortuna. Acho ótimo. É uma mostra clara de que a música do
Brasil é viável. Já no caso do
Caetano e do Gil, há uma controvérsia: eles fazem tudo para
agitar, estão sempre a favor da
corrente. Adotam funk, reggae,
são padrinhos disso. Acho perigoso. A música brasileira vai
parar no museu.
BAILE
A eventual vitória de Lula deve dar início a uma dança das
cadeiras no Itamaraty. Um dos
primeiros que deve bailar é Roberto Abdenur, hoje na embaixada de Washington, por causa
de divergências com o ministro
Celso Amorim, das Relações
Exteriores.
BENTO BRASILEIRO
O presidente Lula enviou
uma carta ao papa Bento 16,
que visitará Aparecida em meados do próximo ano. Lula colocou o governo à disposição para
que o papa visite outras cidades
do Brasil.
SEM HORAS
A campanha do presidente
Lula usou de novo o argumento
de excesso de agenda para não
participar de entrevista. Dessa
vez, foi no programa "Altas Horas", da Globo. A previsão era
que Lula e Alckmin participariam do mesmo programa, que
vai ao ar no sábado. Seriam entrevistados na sexta, por uma
platéia de jovens no estúdio da
Globo em SP. A assessoria do
tucano já havia confirmado. A
de Lula respondeu só na segunda e alegou problemas de agenda. Resultado: nenhum dos
dois participará do programa.
FRIA
Horas antes da divulgação da
pesquisa Datafolha mostrando
Lula 19 pontos à frente de Geraldo Alckmin, circulava no comitê tucano, em Brasília, o relatório com o tracking diário feito
pelo Ibope para o PSDB. A diferença entre os dois nesta sondagem, feita pelo telefone, era
de apenas cinco pontos.
ROLETA
A Prefeitura de SP prepara
nova blitz nos bingos da cidade.
Quinze estabelecimentos, sem
licença para funcionar, devem
ser fechados a partir de hoje.
LAÇO
Recém-separado de Débora
Bloch, Olivier Anquier passou
oito dias com a filha, Julia, na
Argentina. Voltou anteontem
para SP. "Meu trabalho é aqui,
mas minha casa é no Rio. Vejo
as crianças com freqüência."
CIRANDA
Brad Pitt e Sharon Stone vão
contracenar no filme "Dirty
Tricks", de Ryan Murphy.
Gwyneth Paltrow -ex-namorada de Pitt- também está no
elenco do longa.
CURTO-CIRCUITO
DOUGLAS ANDREGHETTI e João Carlos Camargo organizam
coquetel para lançar o Wine Club Brasil, hoje, no Baretto.
OS REPRESENTANTES do prêmio D&DA Global Awards serão
recebidos na agência F/Nazca, no Ibirapuera, amanhã.
PAULO VENANCIO FILHO faz a palestra "Alegorias Parangolé",
hoje, às 20h, na galeria Paulo Paulo Kuczynski.
A CANTORA MARIANA AYDAR apresenta show do CD "Kavita 1"
no Studio SP, na Vila Madalena, amanhã, a partir da 1h.
O DJ ARGENTINO RICKY Ryan comanda a Festa do Branco, com
house music, hoje, no clube Lotus, no Brooklin Novo.
O PROJETO "UMA HORA Antes" realiza palestra e apresenta
concerto de Heitor Villa-Lobos, hoje, na Sala São Paulo.
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