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comentário
Artista agrega o que estiver a seu alcance
CRÍTICO DA FOLHA
Mutação é uma
palavra que alimenta o pop pelo menos desde que David
Bowie adotou o camaleonismo como forma de sobrevivência. Björk avança,
ao longo de sua carreira
solo, inspirada por esse
procedimento, mas não se
contentou em reutilizar a
fórmula gasta das mutações de persona.
O gnomo islandês age
mais como aqueles organismos que agregam tudo
o que esteja ao alcance e os
digerem sem se fixar numa única forma. Chama-se isso de plástica, e tal poder costuma estar associado ao domínio da arte.
Desse modo, Björk deglute sons em seus álbuns
mas também se transforma em imagens e representações. Os clipes e figurinos, as artes gráficas de
seus discos e de seu site
são testemunho dessa capacidade de reformulação.
A parceria, sob a forma
de casamento, de Björk
com o artista Matthew
Barney é ainda mais explícita dessa atitude.
O humano e o animal
nas criações visuais de
Barney apontam para essa
natureza que parece sem
limites, em que as formas
tanto mais ganham em
complexidade na medida
em que perdem suas individuações. Essa "monstruosidade" Björk associa
a uma capacidade (que
também vê nos brasileiros) de antropofagia. Trata-se de uma habilidade
(como bem sabemos) associada à sobrevivência.
(CÁSSIO STARLING CARLOS)
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