São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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comentário

Artista agrega o que estiver a seu alcance

CRÍTICO DA FOLHA

Mutação é uma palavra que alimenta o pop pelo menos desde que David Bowie adotou o camaleonismo como forma de sobrevivência. Björk avança, ao longo de sua carreira solo, inspirada por esse procedimento, mas não se contentou em reutilizar a fórmula gasta das mutações de persona.
O gnomo islandês age mais como aqueles organismos que agregam tudo o que esteja ao alcance e os digerem sem se fixar numa única forma. Chama-se isso de plástica, e tal poder costuma estar associado ao domínio da arte.
Desse modo, Björk deglute sons em seus álbuns mas também se transforma em imagens e representações. Os clipes e figurinos, as artes gráficas de seus discos e de seu site são testemunho dessa capacidade de reformulação.
A parceria, sob a forma de casamento, de Björk com o artista Matthew Barney é ainda mais explícita dessa atitude.
O humano e o animal nas criações visuais de Barney apontam para essa natureza que parece sem limites, em que as formas tanto mais ganham em complexidade na medida em que perdem suas individuações. Essa "monstruosidade" Björk associa a uma capacidade (que também vê nos brasileiros) de antropofagia. Trata-se de uma habilidade (como bem sabemos) associada à sobrevivência.
(CÁSSIO STARLING CARLOS)


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