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Crítica/"Invasores"
Releitura de clássico da ficção científica aposta na barbárie
Longa com Nicole Kidman e Daniel Craig é baseado em livro de Jack Finney
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Cada geração de americanos precisa exorcizar
sua paranóia com uma
versão cinematográfica diferente do livro "Invasores de
Corpos", publicado por Jack
Finney em 1954.
A primeira (1956), de Don
Siegel, um clássico da ficção
científica B, chamou-se no Brasil "Vampiros de Almas". Depois vieram as versões de Philip
Kaufman (1978), Abel Ferrara
(1993) e agora a de Oliver
Hirschbiegel (de "A Queda -°As
Últimas Horas de Hitler").
Em todos esses filmes, bem
diferentes entre si, formas de
vida alienígena assumem aparência humana, tomando o lugar de pessoas comuns para dominar a América e o planeta.
Em "Invasores", a psiquiatra
Carol (Nicole Kidman), de
Washington, percebe mudanças perturbadoras no comportamento de alguns pacientes e
familiares. Fatos estranhos pipocam em todo o país, sobretudo na extensa área por onde se
espalharam destroços de um
ônibus espacial acidentado.
O cientista Ben (Daniel
Craig), amigo e pretendente da
divorciada Carol, não tarda a
juntar as peças do quebra-cabeças e concluir que seres invasores estão se apossando de
corpos humanos e formando
aos poucos uma nova humanidade, robotizada e apática.
O contágio se dá por qualquer fluido vital (sangue, saliva
etc.) e se completa quando a vítima cai no sono.
A partir daí, temos, por um
lado, um eficiente thriller convencional, com os habituais
suspenses, perseguições e a
apoteose de destruição antes
do final feliz, e por outro lado
uma discussão filosoficamente
pobre e politicamente repulsiva sobre o que é que caracteriza
o ser humano.
Nas versões anteriores, a primeira delas realizada no auge
da Guerra Fria, o que se teme é
o aniquilamento de valores como a vontade individual, a afetividade e o raciocínio crítico.
Aqui, o perigo é a perda das tendências agressivas e destrutivas do homem.
Enquanto o mundo está dominado pelos invasores, os
EUA retiram suas tropas do
Iraque e investem bilhões na
cura da Aids, as guerras cessam,
os países cooperam uns com os
outros. Pela ótica do filme, isso
é sinal de que algo está errado.
Quando tudo volta ao "normal", um personagem comenta
ao ler o jornal: "Mais 83 mortos
no Iraque. Quando é que isso
vai acabar?". A resposta que
"Invasores" induz o espectador
a dar é: "Tomara que nunca". Se
você não acredita, vá e veja por
conta própria.
INVASORES
Direção: Oliver Hirschbiegel
Produção: EUA, 2007
Com: Nicole Kidman, Daniel Craig
Onde: estréia hoje nos cines Bristol,
Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: regular
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