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Crítica/série
Série histórica expõe EUA hoje
"John Adams" encena o processo de Independência do país aos olhos de um de seus protagonistas
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em momento de tanta
turbulência política e
econômica, é no mínimo curioso reparar no fato de
que as séries mais celebradas
nos Estados Unidos hoje oferecem, justamente, uma reflexão
sobre a história do país.
Grandes vencedoras do último Emmy, em setembro, "Mad
Men" retrata as transformações sociais dos anos 60, por
meio do mundo da publicidade,
enquanto "John Adams" conta
a história do personagem homônimo, um dos mais importantes "founding fathers" (pais
fundadores) da nação.
Baseado em livro de David
McCullough que venceu um
Prêmio Pulitzer, "John Adams"
começa a ser exibido no Brasil
na próxima terça-feira (21). A
série, em sete capítulos, vê o
nascimento do país aos olhos
de um dos protagonistas do
processo de Independência.
Paul Giamatti encarna o papel principal. A crítica do "New
York Times" disse que o ator,
usando roupas de época -calças justas no tornozelo e peruca- ficou parecido com Shrek.
Não deixa de ser verdade, mas o
chiste não compromete sua boa
atuação num papel difícil.
Adams (1735-1826), duas vezes vice-presidente (de George
Washington) e segundo presidente dos EUA, tinha uma personalidade complexa. O herói
nacional foi também um inseguro homem provinciano e um
vaidoso intelectual.
Ficou para a história como
um dos responsáveis pelo nascimento dos EUA e pelos caminhos que o país tomou nos seus
primeiros 50 anos de vida.
A série começa em 1770,
quando Adams, advogado de
Massachusetts, toma a iniciativa de defender oficiais britânicos acusados de assassinar cinco civis, no que ficou conhecido
como Massacre de Boston.
O clima em sua Província era
de confronto contra os ingleses.
E a absolvição dos soldados
por ele lograda foi mal recebida
entre seus compatriotas. É então que somos apresentados às
principais características do
personagem. Fundar a pátria,
sim; afrontar a lei, jamais.
Ao julgamento, seguem-se a
participação do político no processo que resulta na Independência dos EUA, seu período
como enviado a países estrangeiros para obter o respaldo à
jovem nação, o tempo de vice-presidente, depois presidente,
até 1826, o ano de sua morte.
Seriados históricos são condenados a ter de obedecer,
mesmo que apenas em linhas
gerais, à própria história.
E, já que não se pode inventar suspense ou ação onde estes não
existem, a série, como a vida
real, tem altos e baixos.
Por conta disso, os primeiros
capítulos, quando a tensão pré-Independência é latente e a figura de Adams começa a crescer diante do próprio destino,
são infinitamente mais interessantes que os seguintes.
Do quarto episódio em diante, os EUA são uma jovem nação, e o personagem dialoga
com companheiros e a influente esposa, Abigail (Laura Linney), sobre o que fazer para
consolidar a nação.
Em termos de espetáculo,
então, a série perde força. Mas,
de todo modo, propõe questões
com as quais os EUA se debatem até hoje.
Especialmente
sobre como lidar com sua imagem junto ao resto do mundo.
JOHN ADAMS
Quando: estréia hoje, às 19h45; exibida às terças, no mesmo horário
Onde: na HBO
Classificação indicativa: não informada
Avaliação: bom
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