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Crítica
Domingo reúne filmes subestimados
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Talvez seja por milagre, talvez não. O certo é que este domingo está cheio de filmes
atraentes. Por exemplo, "Meu
Tio da América" (Futura,
22h; não recomendado para
menores de 12 anos), um Alain
Resnais que há muito saiu do
circuito.
Mas há dois filmes brasileiros bem subestimados e interessantes. Um deles, "Brasília
18%" (Canal Brasil, 18h30; 16
anos), entra na cota habitual de
filmes de Nelson Pereira dos
Santos simplesmente incompreendidos. Há ali secura, corrupção, alucinações -coisas típicas de Brasília.
Mais do que isso, no entanto,
convém lembrar de "Rio 40
Graus", o primeiro filme do diretor. Ali, havia uma capital (o
Rio) de um país modesto, atrasado, mas tremendamente esperançoso em relação ao futuro. A Brasília de Nelson não dá
espaço à esperança nem ao futuro: é tão fossilizada quanto o
nome, brandido em vão, de
nossos vultos literários.
Quanto a "Saneamento Básico, o Filme" (TC Pipoca,
20h; 12 anos), de Jorge Furtado, não deu certo em grande
parte devido ao nome infeliz,
que parece o de um árido documentário. Na verdade, estamos
diante de uma comédia em que
a burocracia e o cinema se encontram, quando o povo de
uma cidadezinha tenta conseguir verba para tratamento de
esgoto, mas não existe o dinheiro. Existe para a produção
de vídeo. Uma mão lava a outra,
então. Ou suja, se se preferir.
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