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MANTIQUEIRA/SCHNEIDER
Orquestras
são destaque
CARLOS CALADO
especial para a Folha
A Maria Schneider Jazz
Orchestra e a Banda Mantiqueira foram os maiores
destaques da programação
das salas New Directions e
Club, sexta-feira, na estréia
do Free Jazz paulista.
Maria Schneider já assistira a Mantiqueira no Rio e
fez questão de ouvi-la novamente. A expressão de surpresa da regente durante
todo o concerto dizia tudo.
Nem mesmo a indesejável
substituição de três músicos fundamentais na formação diminuiu o impacto
da performance da banda
paulistana, que superou o
nervosismo inicial e saiu vitoriosa do palco Club.
Números como o samba
"Linha de Passe" (de João
Bosco, em arranjo do maestro Proveta) ou a jazzística
"Cubango" (do baixista e
arranjador Edson Alves)
excitaram a platéia.
Se a Mantiqueira impressionou pela garra e energia,
a orquestra de Maria
Schneider conquistou o público com as delicadas texturas sonoras criadas pela
arranjadora e compositora.
Um dos números mais
aplaudidos foi o arranjo
suave do tema do filme
"Spartacus" com belo solo
do sax tenor Rich Perry.
Aliás, solistas talentosos
não faltam à banda, qualidade evidente nas aparições
do saxofonista Rick Margitza e do pianista Bill Mays
(em "Coming About"), ou
no solo vigoroso do trompetista Greg Gisbert (na suíte "El Viento"), muito
aplaudido pelo público.
Impressionante também
é a precisão e riqueza dos
gestos de Maria Schneider
na regência, cuja corpo
transmite dinâmicas e estímulos interpretativos.
Última atração da noite, o
saxofonista Johnny Griffin
confirmou seu status de
grande solista, apesar de ter
trazido um trio de acompanhantes (especialmente o
baterista Joe Farnsworth,
convencional demais) inferior à sua bagagem musical.
Com um repertório recheado de standards, como
"Just One of Those Things"
e "If I Should Loose You",
Griffin exibiu toda sua
maestria na arte do improviso. E, na original versão
de "Night in Tunisia" (de
Dizzy Gillespie), provou
que, aos 70 anos, seu sax
ainda faz jus à fama de gatilho mais rápido do bebop.
Já o pianista Marc Cary foi
a decepção da noite. Sua
versão retrô do jazz eletrificado dos anos 70, com direito a teclado Mini Moog e
incenso aceso no palco, soa
completamente extemporânea. Ao dispensar o neobebop da geração Marsalis,
Cary parece ter perdido o
rumo.
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