São Paulo, quarta, 19 de novembro de 1997.




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ARTES PLÁSTICAS
Mostra no Rio vê obras com nova luz

The Marieluise Hessel Collection/Divulgação
"A Colores", do norte-americano Ed Paschke


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

A mostra "Fotogramas - Arte e Cinema na Coleção Marieluise Hessel", que o Centro Cultural Light, no centro do Rio, inaugura hoje, sob a curadoria de Ivo Mesquita, poderia ficar em sua mais simplória definição -uma mostra sobre como os artistas se apropriam do imaginário cinematográfico na criação de suas obras-, não se tratasse ela de um corte na coleção de Marieluise Hessel.
Alemã radicada nos EUA, Hessel possui cerca de 750 pinturas, esculturas, fotografias e objetos, 275 vídeos e videoinstalações e 400 livros de artista, confeccionados a partir dos anos 60.
Conta com obras de Bruce Nauman, Richard Serra, Gerhard Richter, Jannis Kounellis, Mona Hatoum, Anselm Kiefer, Joseph Beuys e outros nomes fundamentais da arte contemporânea.
O que diferencia sua coleção de outras é que, embora ainda em crescimento (comprou há poucos meses um trabalho de Tunga), ela já foi emprestada permanentemente ao Bard College, em Annandale-on-Hudson (Nova York), para que servisse como material de trabalho para o curso de formação de curadores que a escola oferece.
Hessel tem visão. Primeiro, para comprar obras de arte. Segundo, para compreender que uma coleção não é um bem imóvel, mas se enriquece a partir das múltiplas leituras que recebe. É como jogar um novo foco de luz e iluminar uma parte do acervo. A coleção é um bem comum, "um instrumento de pesquisa e estudo", segundo Vasif Kortun, seu curador.
Coube agora ao brasileiro Ivo Mesquita, que há dois anos é professor visitante no Bard College, fazer seu corte na coleção.
Selecionou trabalhos de Felix Gonzalez-Torres, Cindy Sherman, Ed Paschke, Nan Goldin, Ronnie Cutrone, Joseph Kosuth, Kenneth Schorr, Larry Clark, Lorna Simpson, Robert Longo, Robert Mapplethorpe, Pieter Laurens Mol, Allan McCollun, Bruce Nauman, Chuck Close e Rhonda Zwillinger.
"Pretendi mostrar como o cinema criou uma memória coletiva que serve para a apropriação iconográfica do artista em sua linguagem", disse. Isso teria acontecido principalmente a partir dos anos 40, quando o cinema atingiu seu apogeu e se tornou parte do imaginário contemporâneo.
O trabalho desenvolvido pelo Bard College talvez pudesse acontecer no Brasil com a coleção de arte contemporânea de Gilberto Chateaubriand, mas para isso o MAM-Rio deveria se mexer e sair logo de sua atual apatia.
A mostra carioca segue para o MAM-SP no dia 15 de janeiro.

Mostra: Fotogramas - Arte e Cinema na Coleção Marieluise Hessel Onde: Centro Cultural Light (av. Marechal Floriano, 168, tel. 021/211-4878, Rio) Vernissage: hoje, às 19h Quando: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábado e domingo, das 14h às 18h Quanto: entrada franca


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